As Urgências do
Infarto
Fui ao Nexen na UFES ver nosso amigo
PACOS que é doutor-engenheiro calculista de estruturas e grande cozinheiro, e
estando com polineurite emagreceu bastante (15 kg), segundo sua esposa K, na
tentativa de diminuir as taxas.
Como eu, ele tem 52,5 anos, embora
seja ligeiramente mais novo, e como todos nessa idade tem 32 braços para fazer
todas as tarefas que competem a essa geração que vai de 7,5 anos antes a 7,5
anos depois, digamos dos 45 aos 60 anos. Os filhos aspiram, os sonhos pedem, as
urgências de ver a morte “logo adiante” impõem. Lembro-me sempre do Hellhazer, um da série no qual a
criatura infernal é puxada por um monte de correntes, com anzóis enfiadas na
carne.
Daí, pensei em todas as sepulturas do
cemitério, todos os cofres onde foram depositadas as carnes mortas repletas de
urgências loucas que nos acometem durante a vida pré-infarto. Tudo que provoca
doenças do coração, pontes de safena, infartos, hérnias de disco, polineurites,
atrofias laterais amnióticas, derrames, mil doenças que vêm de todas essas
emergências insignificantes e irracionais. Como era a vida de cada um que
morreu assim de-pressa? A que mil atividades simultâneas se entregaram todos
aqueles que se viram atirados em mil direções-sentidos no círculo agônico da
vida?
Por quê as pessoas acham necessário
entrar em tal “roda viva” de produção-organização? Por quê acreditamos ser
indispensável fazer 50 coisas ao mesmo tempo? É claro, todo mundo terá
justificativas e até explicações detalhadíssimas. Vendo de fora os lógicos
poderiam apontar inconsistências nos argumentos, verdadeiros desvarios; de
dentro, não dá.
Contudo, podemos pensar que uma escola
viria ajudar a vencer os desafios do excesso de ocupação, assim como existem os
Alcoólicos Anônimos e os grupos de trabalhadores compulsivos (não estou falando
deste tipo: o TC faz apenas uma coisa, embora muito).
Vitória, sábado, 14 de outubro de
2006.
Nenhum comentário:
Postar um comentário