quinta-feira, 17 de maio de 2018


As Urgências do Infarto

 

Fui ao Nexen na UFES ver nosso amigo PACOS que é doutor-engenheiro calculista de estruturas e grande cozinheiro, e estando com polineurite emagreceu bastante (15 kg), segundo sua esposa K, na tentativa de diminuir as taxas.

Como eu, ele tem 52,5 anos, embora seja ligeiramente mais novo, e como todos nessa idade tem 32 braços para fazer todas as tarefas que competem a essa geração que vai de 7,5 anos antes a 7,5 anos depois, digamos dos 45 aos 60 anos. Os filhos aspiram, os sonhos pedem, as urgências de ver a morte “logo adiante” impõem. Lembro-me sempre do Hellhazer, um da série no qual a criatura infernal é puxada por um monte de correntes, com anzóis enfiadas na carne.

Daí, pensei em todas as sepulturas do cemitério, todos os cofres onde foram depositadas as carnes mortas repletas de urgências loucas que nos acometem durante a vida pré-infarto. Tudo que provoca doenças do coração, pontes de safena, infartos, hérnias de disco, polineurites, atrofias laterais amnióticas, derrames, mil doenças que vêm de todas essas emergências insignificantes e irracionais. Como era a vida de cada um que morreu assim de-pressa? A que mil atividades simultâneas se entregaram todos aqueles que se viram atirados em mil direções-sentidos no círculo agônico da vida?

Por quê as pessoas acham necessário entrar em tal “roda viva” de produção-organização? Por quê acreditamos ser indispensável fazer 50 coisas ao mesmo tempo? É claro, todo mundo terá justificativas e até explicações detalhadíssimas. Vendo de fora os lógicos poderiam apontar inconsistências nos argumentos, verdadeiros desvarios; de dentro, não dá.

Contudo, podemos pensar que uma escola viria ajudar a vencer os desafios do excesso de ocupação, assim como existem os Alcoólicos Anônimos e os grupos de trabalhadores compulsivos (não estou falando deste tipo: o TC faz apenas uma coisa, embora muito).

Vitória, sábado, 14 de outubro de 2006.

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