domingo, 15 de abril de 2018


Condomínios na Roça e Cidades Selvagens

 

No excelente livro de Marcia Kedouk, Prato Sujo (Como a indústria manipula os alimentos para viciar você), São Paulo, Abril, 2013, ela (da revista Superinteressante) fala dos orgânicos. Não gosto desse nome, porque mesmo os transgênicos são orgânicos, têm órgãos e derivam da Vida (arquea, fungos, plantas, animais e primatas) geral.

O nome é impróprio, mas o livro é extraordinário, pelo empenho da moça em ajudar as pessoas, fazendo pesquisas em centenas de livros, em jornais, na Web, em toda parte, inclusive entrevistando pessoas. Tendo tempo falarei mais detidamente dele, fiquei muito impressionado com a iniciativa dela (que escreveu também Tarja Preta).

“Orgânicos” não serve para designar, porque não existem produtos inorgânicos comestíveis, ninguém come ferro puro, só os derivados em forma de comprimidos; do mesmo modo como não tem significado dizer “vagas limitadas”, porque ninguém pode oferecer vagas ilimitadas.

Prefiro postular a construção de condomínios na roça, que inclusive perdeu o tom de deboche para ficar elegante e palatável, coisa das elites futuras, como os bairros construídos nas periferias urbanas nos EUA se tornaram todo um movimento de deslocamento. No Brasil será diferente, as elites não irão para os contornos urbanos, pois eles têm má fama: irão para a roça renovada tecnocientíficamente, onde terão todos os confortos pós-contemporâneos, sem nenhuma das afobações citadinas.

E as cidades selvagens não terão significado corriqueiro de bestiais e sim de cidades inteiras inseridas nas matas, de preferência com estradas subterrâneas para não perturbar o desenvolvimento da Vida, as pessoas doravante convivendo com ela cotidianamente.

Vitória, domingo, 15 de abril de 2018.

GAVA.

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