Condomínios
na Roça e Cidades Selvagens
No excelente livro de Marcia Kedouk, Prato
Sujo (Como a indústria manipula os alimentos para viciar você), São
Paulo, Abril, 2013, ela (da revista Superinteressante) fala dos
orgânicos. Não gosto desse nome, porque mesmo os transgênicos são orgânicos,
têm órgãos e derivam da Vida (arquea, fungos, plantas, animais e primatas) geral.
O nome é impróprio, mas o livro é
extraordinário, pelo empenho da moça em ajudar as pessoas, fazendo pesquisas em
centenas de livros, em jornais, na Web, em toda parte, inclusive entrevistando
pessoas. Tendo tempo falarei mais detidamente dele, fiquei muito impressionado
com a iniciativa dela (que escreveu também Tarja Preta).
“Orgânicos” não serve para designar, porque
não existem produtos inorgânicos comestíveis, ninguém come ferro puro, só os
derivados em forma de comprimidos; do mesmo modo como não tem significado dizer
“vagas limitadas”, porque ninguém pode oferecer vagas ilimitadas.
Prefiro postular a construção de condomínios
na roça, que inclusive perdeu o tom de deboche para ficar elegante e palatável,
coisa das elites futuras, como os bairros construídos nas periferias urbanas
nos EUA se tornaram todo um movimento de deslocamento. No Brasil será
diferente, as elites não irão para os contornos urbanos, pois eles têm má fama:
irão para a roça renovada tecnocientíficamente, onde terão todos os confortos
pós-contemporâneos, sem nenhuma das afobações citadinas.
E as cidades selvagens não terão significado
corriqueiro de bestiais e sim de cidades inteiras inseridas nas matas, de
preferência com estradas subterrâneas para não perturbar o desenvolvimento da
Vida, as pessoas doravante convivendo com ela cotidianamente.
Vitória, domingo, 15 de abril de 2018.
GAVA.
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