Patifarias das Elites Brasileiras

 

                            A ESCELSA NET mandou para nós o folheto em anexo. Nossa assinatura atual custa R$ 113,80 e passará a R$ 128,20 [ (128,20 – 113,80) /113,80 =], R$ 14,40 a mais, ou 12,7 % a mais. Então, DEPOIS DE UM ANO DE FIDELIDADE dará desconto de 10 % (menos do que subiu, estando a inflação em seis porcento, por aí) e subirá outros 13 %. Para obter o mesmo valor deve-se ficar fiel ano após ano até o limite do quinto ano. Como, pelo modelo, só 1/40 ou 2,5 % têm tendência de fazer contas e desses só outro 1/40 de reclamar, a chance de reclamação é de 1/1.600 ou seis em cada 10 mil. Já que a clientela parece ser de 30 mil famílias, menos de 20 delas farão as contas & reclamarão.

                            Por outro lado, A Gazeta noticiou na matéria de capa em anexo que somente 38 % dos cursos podem dar diploma, significando que 62 % dos alunos e famílias estão sendo enganadas; quer dizer, 62 em cada 100 estão pagando por um produto que não terão, com o agravante de que estão gastando dinheiro para ir e vir (a tal liberdade constitucional de ir e vir – sem reclamar), para se alimentarem nas cantinas, para comprar cadernos e livros, enfim para fazer um investimento que pode fácil chegar à casa dos 500 ou 700 reais, ou mais, por mês, porque as escolas não deixam de cobrar nas férias (deve haver até as que cobram o 13º salário dos professores à parte). O jornal poderia ter noticiado ao contrário, em vez de estampar a favor os 32 % que dão diploma colocar os 62 % que não dão, os 62 % que estão enganando. As elites se protegem.

                            Seria preciso fazer um livro noticiando todo tipo de canalhice das elites brasileiras, mas talvez fosse volume muito avantajado e não pudesse comportar tudo. Talvez fosse grosso demais ou precisasse se dividir em vários volumes sucessivos, eternamente, porque as bandidagens das elites daqui não cessam de reinventar-se com grande criatividade.

                            Não obstante seria legal ver alguém tentar. Diversão e utilidade pública ao mesmo tempo.

                            Vitória, terça-feira, 15 de março de 2005.