quarta-feira, 27 de setembro de 2017


Mataram um Milhão dos Meus Amigos

 

                            DA MÚSICA DE ROBERTO CARLOS

Eu Quero Apenas
Roberto Carlos
 
Eu quero apenas olhar os campos, eu quero apenas cantar meu canto
Eu só não quero cantar sozinho, eu quero um coro de passarinhos
Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que precisar
Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar

Eu quero apenas um vento forte, levar meu barco no rumo norte
E no caminho o que eu pescar quero dividir quando lá chegar

Eu quero crer na paz do futuro, eu quero ter um quintal sem muro
Quero meu filho pisando firme, cantando alto, sorrindo livre

Eu quero amor decidindo a vida, sentir a força da mão amiga
O meu irmão com sorriso aberto, se ele chorar quero estar por perto

Venha comigo olhar os campos, cante comigo também meu canto
Eu só não quero cantar sozinho, eu quero um coro de passarinhos
CANTO
TEATRALIZAÇÃO
Eu quero apenas olhar os campos,
Telão com as queimadas da Amazônia, as destruições gerais, vazamento de óleo no mar.
eu quero apenas cantar meu canto, eu só não quero cantar sozinho, eu quero um coro de passarinhos
Passarinhos em gaiola, gente atirando neles. Começa com um grande coro de passarinhos e ao longo da fala do cantor as vozes deles vão cessando conforme se ouvem os tiros.
Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que precisar.
Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar
A Natureza sendo destroçada, enquanto o cantor-intérprete grita afrontosamente e com desespero para a Assembléia Legislativa, o Palácio do Executivo, o Tribunal de Justiça, as empresas (que vão aparecendo no telão).
Eu quero apenas um vento forte, levar meu barco no rumo norte
E no caminho o que eu pescar quero dividir quando lá chegar
Vento no rosto, pessoa caminhando em cenário paradisíaco que vai aos poucos estreitando, enquanto ele colhe as dádivas; no final é só desolação e destruição e ele não tem ninguém a quem entregar.
Eu quero crer na paz do futuro, eu quero ter um quintal sem muro
Quero meu filho pisando firme, cantando alto, sorrindo livre
Guerras (do Afeganistão e outras), conflitos urbanos, casas cercadas, filhos vigiados, carros-fortes levando adolescentes às escolas, venda de drogas em toda parte.
Eu quero amor decidindo a vida, sentir a força da mão amiga
O meu irmão com sorriso aberto, se ele chorar quero estar por perto
As pessoas duvidando ao dar a mão, de cara fechada, evitando-se mutuamente, distanciando-se (cenas de rua, reais).
 
Venha comigo olhar os campos, cante comigo também meu canto
Eu só não quero cantar sozinho, eu quero um coro de passarinhos
Vários telões com o contrário de tudo isso.
Campos destruídos
Amizade fragilizada
Pássaros mortos
Crianças abandonadas

Os artistas tocam com varas na ponta das quais estão representadas balas os peitos dos espectadores.

Vitória, sexta-feira, 27 de maio de 2005.

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