domingo, 3 de setembro de 2017


A Lança de Pesca e os Campos Aquáticos de Caça

 

                            Suponho que as lanças devam ser, para nós homens, o instrumento-fálico por excelência, a representação instantânea e completa do poder masculino – e como tal muito admirado pelas mulheres (que não são ainda mães) e mais ainda pelas mães, os meninos aspirantes a guerreiros depositantes e as meninas aspirantes a vasos-de-depósito. Tudo é complexo demais! Já as flechas, por serem menores, devem de início ter sido detestadas.

                            A vara de pescar é a lança dos caçadores-da-água, os pescadores, e os homens do mundo inteiro vão ter uma propensão ou inclinação extraordinária, obsessiva até, de possuírem uma lança-representativa, inclusive varas de pescar; os peixes simulam hoje, naturalmente, os inimigos capturados, os “outros” homens subjugados. Imagino que isso perpasse ou atravesse todas as culturas de toda a geo-história.

                            A lança é o centro de tudo para os homens.

                            É sinal de nobreza (tudo que está nos esportes, até tacos de golfe, representa a caçada - agora em virtual - catártica, purgativa) portar uma lança simbólica. Imagino que quando for rastreado em toda a Terra veremos sucessivamente os governantes chefes de governo e de Estado, as lideranças, os políticos todos empunharem lanças simbólicas, enquanto as mulheres em cargos não o farão. Já foi notado que os espigões, os prédios altos, são símbolos fálicos: na realidade são lanças empinadas, assim como pranchas de surf (que nunca são deixadas “impotentemente” estiradas na areia – são enterradas, fincadas para cima, significando “pênis em pé”, prontidão). E quando na água em vez de entrar mansamente como as mulheres os homens mergulharão e farão coisas afrontosas, “de macho”, de guerreiro (segundo uma Curva do Sino das precedências, na extremidade estando o “macho-alfa”, o líder presumido da tribo).

                            Isso deve ser visto de forma lógica, estritamente lógica.

                            O modo de olhar o passado tem sido insatisfatório exatamente porque não temos olhado ao mesmo tempo enquanto teoria com apontamento lógico, precedendo e sucedendo as investigações de campo.

                            Vitória, sexta-feira, 11 de março de 2005.

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