A Lança de Pesca e os
Campos Aquáticos de Caça
Suponho que as
lanças devam ser, para nós homens, o instrumento-fálico por excelência, a
representação instantânea e completa do poder masculino – e como tal muito
admirado pelas mulheres (que não são ainda mães) e mais ainda pelas mães, os
meninos aspirantes a guerreiros depositantes e as meninas aspirantes a
vasos-de-depósito. Tudo é complexo demais! Já as flechas, por serem menores,
devem de início ter sido detestadas.
A vara de pescar é a
lança dos caçadores-da-água, os pescadores, e os homens do mundo inteiro vão
ter uma propensão ou inclinação extraordinária, obsessiva até, de possuírem uma
lança-representativa, inclusive varas de pescar; os peixes simulam hoje,
naturalmente, os inimigos capturados, os “outros” homens subjugados. Imagino
que isso perpasse ou atravesse todas as culturas de toda a geo-história.
A lança é o centro
de tudo para os homens.
É sinal de nobreza
(tudo que está nos esportes, até tacos de golfe, representa a caçada - agora em
virtual - catártica, purgativa) portar uma lança simbólica. Imagino que quando
for rastreado em toda a Terra veremos sucessivamente os governantes chefes de
governo e de Estado, as lideranças, os políticos todos empunharem lanças
simbólicas, enquanto as mulheres em cargos não o farão. Já foi notado que os
espigões, os prédios altos, são símbolos fálicos: na realidade são lanças
empinadas, assim como pranchas de surf (que nunca são deixadas “impotentemente”
estiradas na areia – são enterradas, fincadas para cima, significando “pênis em
pé”, prontidão). E quando na água em vez de entrar mansamente como as mulheres
os homens mergulharão e farão coisas afrontosas, “de macho”, de guerreiro
(segundo uma Curva do Sino das precedências, na extremidade estando o “macho-alfa”,
o líder presumido da tribo).
Isso deve ser visto
de forma lógica, estritamente lógica.
O modo de olhar o
passado tem sido insatisfatório exatamente porque não temos olhado ao mesmo
tempo enquanto teoria com apontamento lógico, precedendo e sucedendo as
investigações de campo.
Vitória,
sexta-feira, 11 de março de 2005.
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