terça-feira, 15 de novembro de 2016


A Curtíssima Imortalidade de João

 

John Updike (americano, 1932-2009, 77 anos entre datas) é citado no livro de Christopher Potter, Você Está Aqui (Uma história portátil do Universo), São Paulo, Companhia das Letras, 2010 (sobre original de 2009) na página 13: “Nosso intelecto sabe que o nada da morte é inescapável, mas na verdade não acreditamos nisso: ‘Somos todos imortais, enquanto estivermos vivos’, nos lembra o romancista americano John Updike”.

Não somos, não, de jeito nenhum.

I-mortal é o que não morre, de pronto o que sempre esteve vivo no passado, está agoraqui no presente e estará sempre no futuro.

Como já mostrei, só Deus oculto não-perecível, o elemento subsistente, não morre porque “não está vivo”: VIVO é condição de morrer. ESTAR VIVO é outro nome de ter nascido e fatalmente morrer. Vida e morte são a mesma realidade. Deus É, e aquilo que existe temporalmente é o elemento insubsistente, perecível, a Natureza.

Todo “imortal” que está vivo está, no todo do tempo, morto.

Inescapável.

Updike era, segundo dizem, um grande romancista, assisti ao filme inesquecível (com atores memoráveis, excelentes) As Bruxas de Eastwick, sensacionais as cenas impagáveis do diabo se contorcendo de raiva perante a esperteza das mulheres (todo homem padece disso).

Agora, em termos de pensar ele parece uma negação.

João morreu!

Não teve escapatória.

Também como vimos, não existe “nada da morte” (morte = NADA = NULO = NEGROR na Rede Cognata) somente, porque metade é absorvida por Deus permanente. A morte definitiva não é para todos, é somente para aqueles que após o julgamento sofrem o que Jesus chamou de “a segunda morte” e são conduzidos à nulificação, nihil = MORTE.

Não há nenhum imortal, até porque Deus não pode ser chamado assim, já que os “imortais” conhecem o tempo e têm um medo horrível dele. Deus não sabe o que é o tempo (nem o espaço, o tempespaço é coisa da Natureza = MUDANÇA) em si, somente o vê operando no mundo, onde as pessoas morrem. Ó, João acabou, que dó!

João, morto, não saberá disso.

Porém a gente restante toda, com sorte, tentará no futuro evitar tais anúncios estonteantes e completamente tolos.

Serra, domingo, 30 de agosto de 2015.

GAVA.

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