O Conhecimento do
Crime
Ontem foi a vez na 3ª Seção do
Tribunal do Júri da Comarca de Vitória do réu Carlos Alberto Paradelas (tem 33
anos e três filhos, o mais recente, de cinco meses, feito na prisão), cujos
quesitos estão anexados. Ele é traficante, matou alguém, está preso há 4,5 anos
condenado a 20,5 anos pelos crimes anteriores, mas nesse caso especial de que
participei foi inocentado 4 a 3 porque o crime tendo ocorrido em 1997
envolvendo nove assassinos de dois guardas ajuntaram em 2004 mais três supostos
participantes, ele e outros dois.
Um dos nove era menor e foi excluído,
embora portasse arma; o tal de Nego Rose teria dado três tiros e exigiu que
todos mostrassem as armas para garantir todos terem participado. O garoto menor
pode ter atirado, mas excluindo-o ficariam sete; cada um disparando pelo menos
uma bala seriam 10 (3 + 7), enquanto acusavam o Paradelas de ter dado dois
tiros, o que somaria 12. Perguntei se sabiam quantos tiros cada policial tinha
recebido e ninguém tinha idéia, nem se preocuparam em investigar no laudo
cadavérico (nem juiz, nem advogado, nem promotora), embora isso fosse crucial e
definidor; salvo engano o advogado de defesa teria dito terem sido (3 + 5 =) 8
tiros, o que excluiria automaticamente o Paradelas. Ninguém investigou porque
era crime envolvendo dois policiais da PM2 (PM paralela, que investiga os
próprios militares; os dedos-duros de dentro que são detestados pelo restante
da Corporação). Depois de termos votado 4 nãos a 3 sins no primeiro crime
tivemos de votar de novo no segundo, embora os dois policiais estivessem juntos
e o tempo todo tanto defendente quanto atacante tivessem frisado repetidamente
que foram arrastados juntos morro acima – falta lógica. Como já disse, ninguém
é treinado em lógica.
Em resumo, um elemento crucial não foi
definido.
E assim foi em cada julgamento de que
participei até hoje.
Não há base para decisão concreta.
Os “juízes de fato” estão lá apenas
para dar autorização legal ao prosseguimento da farsa legal.
Seria preciso constituir um CORPO DE
PESQUISADORES & DESENVOLVEDORES do Conhecimento (Magia-Arte,
Teologia-Religião, Filosofia-Ideologia, Ciência-Técnica e Matemática), em
particular da pontescada científica (Física-Química, Biologia-p.2,
Psicologia-p.3, Informática-p.4, Cosmologia-p.5, Dialógica-p.6), de modo a dar
sustentação às investigações da polícia criminal, assim como nos EUA existem os
tais “detetives médicos”; aqui deveriam fazer acompanhar as buscas a pontescada
técnica (Engenharia/X1, Medicina/X2, Psiquiatria/X3, Cibernética/X4,
Astronomia/X5, Discursiva/X6).
Como é para os pobres e os que devem
ser excluídos ou pagar o pato da festa ninguém dá muita bola. Claro, a
sociedade está se julgando e se condenando, porque cada gesto nosso é
afirmativo e negativo ao mesmo tempo. Com esse tipo de falha a coletividade
está deixando rastros terríveis, denúncias escabrosas, no mínimo opostas ao
decoro.
Vitória, terça-feira, 03 de outubro de
2006.
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