terça-feira, 15 de maio de 2018


Na Ponta da Agulha

 

Toda pessoa que está viva pode potencialmente morrer no segundo seguinte, no “instante de Planck” seguinte, num infinitésimo de tempo. REALMENTE não é assim, velhos são mais propensos a morrer, assim como doentes terminais e pessoas que passaram por operações.

UMA AGULHA DE PERFIL (“de comprido”, como diz o povo)


Mais do que na “lâmina da Gilete”, donde se pode cair para a esquerda ou a direita, na ponta de uma agulha se pode cair em toda direção e sentido, menos o da própria agulha.

POSSIBILIDADES DE QUEDA (tudo é negro abismo, em toda volta)


Um jovem de tenra idade tem chance pequena de morrer por enfermidade, embora estejam espreitando-o as quatro ou cinco mil doenças genéticas potenciais; já uma pessoa de mais idade tem chances grandes, porque o organismo enfraqueceu. Isso é o trivial, com algum rebuscamento.

O que não é trivial é que essa condição PdA, digamos assim, seja uma através das quais se pode atingir a iluminação, o sentido de pertencer/não-pertencer base do disparo para a totalidade. Estar sempre amparado traz a ilusão da eternidade, da inatingibilidade: a pessoa pensa estar garantida. Contudo, quando “as coisas ficam pretas”, metafórica e realmente, o corpomente entra em fusão, como na paixão de Cristo, dando-se o salto rumo ao não-finito.

É uma condição muito especial, para tantos indesejável.

Ver-se assim, em total perigo, em lugar de levar ao desespero produz a síncope salvadora.

ISSO não é trivial.

Vitória, terça-feira, 10 de outubro de 2006.

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