sábado, 5 de maio de 2018


Escola das Relíquias Sagradas

 

Para produzir, todas as instituições e iniciativas se organizam; inclusive passam a constituir corpo que se autodefende. Não será diferente com as RS e os produtos atlantes e adâmicos, haverá toda uma realidade colada com a outra, maior, completa, dos fatos de primeira instância. Da geologia à paleontologia, da antropologia à arqueologia e à geo-história todos os estudiosos de todo o Conhecimento se realinharão com a nova chave (o mesmo acontecerá com a Métrica Musical Absoluta, com o indiciador epistemológico e tudo mais – será interessante observar cada qual procurando seu furinho para tentar chegar à e na frente).

É evidente que os de agora, logo depois de hoje, amanhã mesmo, quando começar o processo haverá gente disposta a repassar as primeiras e tíbias experiências e teorizações aos que nem isso conhecem, ávidos que estarão para se matricularem no ensinaprendizado da nova chave.

É lógico.

Quase todos querem ser fotografados pela mídia, entrevistados, dizer “alô papai, alô mamãe, sábado estarei aí para o churrasco” (ou a festa vegana com tomates fatiados, “vamos queimar um espinafre”: na realidade, queria ser assim).

DE FATO, MESMO, logo empresários colocarão escolas e redes de escolas, do maternal até o pós-doutoramento para faturar o rico dinheirinho da curiosidade insopitável, incontrolável. É da natureza humana, não pode haver ajuntamento de enterro sem aparecer logo a barraquinha de espetinho de gato e a cerveja geladíssima, a venda de santinho com o retrato do morto, isso tudo que conhecemos do Brasil.

Bem, você pode imaginar o aborbulhamento por todo mundo no caldeirão dos oportunistas, milhões ocupados em servir de ponte entre a curiosidade da clientela e a tomada do rico dinheirinho dela. E, quem sabe, conseguir esses diaristas/jornalistas (até de livros-minuto), a título propagado de devoção, seu pedaço do morto, já que alguns morrem de dó de o dinheiro das pessoas ficar com elas.

Surgirão escolas das RS e produtos.

É pacífico, pode contar, o comércio da Fé é antigo, o que é grande pecado na estrada que leva ao Inferno, à perdição.

Logo depois vem o desdobramento, as leis de proteção, os agentes da autoridade da lei, a preocupação do Governo geral, as atividades tutoras frenéticas dos gerentes da Fé, os tecnocientistas interessados em investigar hoje o que desprezavam ontem e assim por diante, muito por diante, cada vez maior volume de oportunistas.

Olhando bem, fora deter extremos destrutivos, o que você pode fazer? Ou eu? Tentar interferir só leva a crises de ansiedade e falências corpomentais. Largue de mão, o mundo não se faz só de luz. Controle um pouco, vigie um tanto, recondicione, redirija, reposicione com cuidado e tranquilidade, e deixe ir. Aflição demais só vai fazer você ter ataques cardíacos e aí teríamos um defensor a menos.

Vitória, sábado, 5 de maio de 2018.

GAVA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário