Criminosos do
Colarinho-Branco
Assim como há a transferência
psicológica geral denominada política (governantes do Executivo, políticos do
Legislativo, juízes do Judiciário funcionando como Escritório do Capital para
os empresários), há essa outra de não “darmos nome aos bois”, quer dizer, de
fazermos a redução eufemista.
COLARINHO-BRANCO (no dicionário Aurélio Século XXI)
[De colarinho + branco, para trad. o
ingl. white-collar.] S. m. Bras. 1.
Designação genérica dos profissionais de diferentes níveis (executivos,
funcionários, etc.) que, pela natureza de suas atividades e contatos,
precisam apresentar-se em trajes convencionais (para os homens, terno e
gravata). [Pl.: colarinhos-brancos.]
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EUFEMISMO
[Do gr. euphemismós (< gr.
eúphemos, 'auspicioso', + gr. -ismós [= -ismo]), pelo fr. euphémisme.] S. m.
1. Ato de suavizar a expressão duma idéia substituindo a palavra ou expressão
própria por outra mais agradável, mais polida. 2. Palavra ou expressão usada
por eufemismo (1). Antôn. Disfemismo. ]
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Ora, atrás do colarinho há um pescoço
e acima deste uma cabeça que realmente comete o crime; não há colarinhos
(brancos, cinzas, marrons, verdes ou de quaisquer cores sentados na cadeira dos
réus nos tribunais). Há gente de escritório e esses escritórios devem ser apontados.
O “crime do colarinho-branco” é cometido por brancos, negros, índios, asiáticos
homens ou mulheres, todos os que cometem crimes.
Assim como a transferência política
denota acovardamento dos eleitores a redução eufemística é covardia também,
mostrando que não temos condição de enfrentar os problemas dos desvios morais.
Colarinhos-brancos não cometem crimes, pessoas que cometem crimes. Armas não
atiram, pessoas atiram.
Vitória, domingo, 08 de outubro de
2006.
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