quinta-feira, 7 de setembro de 2017


Tudo que Me Apequenaria

 

                            Digo na primeira pessoa para que você não se esqueça que a primeira pessoa NUNCA é negada. A liberdade do ser foi consagrada e não havendo superafirmação tudo é permitido. É permitido ser, não é preciso falar no plural majestático, NÓS fizemos. Eu fiz, quando fiz; você é, completamente.

                            Tudo que me apequenou - tudo que o (a) apequenou - um dia me desagradou, porque eu queria ser pequeno, ter um apartamento, ter um carro; mas tudo que lhe é negado também é ofertado em ponto maior. Não desista, prossiga sempre, caminhe constantemente para diante. Toda negação é oferta de possibilidade mais avantajada.

                            Claro, nós teríamos (todos e cada um de nós) preferido uma vidinha simplesinha e perfeitinha nessa pequenez de desejos, aquela coisa miudinha que tanto prazer nos dá; se não é possível ser tal qual quase todo mundo, porque desse modo o destino balizador nos conduziu, o irremediável não deve ser arrenegado como contrário do ser – ele também é. É de cada um prosseguir ou não, sendo isso também decisão almejada.

                            Uns desistem e voltam, outros se plantam onde estão e uns prosseguem – para todos há serviço.

                            Se o que me apequenaria e mais me agradaria me foi negado, prossigo. Se todas aquelas coisas miudinhas de viver no interior e lá me contentar com um apartamento e um carro, tudo de que eu verdadeiramente gostaria foi negado, prossigo. Se os prazeres diminutos que seriam mesmo meus me foram dados, prossigo. Aquelas coisas “grandes” não são grandes mesmo, são apenas as coisas de que a coletividade precisa – são desenhos dela, não de quem faz. Quem faz precisa de pouco. Só os idiotas e os complexados precisam de muito, porque não sabem ver a realidade.

                            Vitória, segunda-feira, 14 de março de 2005.

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