O Salto da Terra na
Flechada
Quando uma flecha
(cometa ou meteorito) bate na Terra esta não é propriamente como uma grande
bola posta no chão na qual fizéssemos incidir uma pedrinha; tal bola teria
atrás de si a resistência do piso, ao passo que o planeta, não, está solto no
espaço – ele poderia até ser ligeiramente deslocado da órbita (dificilmente,
porque a massa é tão maior que mesmo a tremenda energia de uma flecha
particularmente gigantesca pouco poderia fazer, embora certamente deslocasse os
eixos; isso seria interno), mas o que de fato aconteceria seria que o planeta,
sendo material elástico perante tal força, comprimiria e dilataria na medida em
que girasse e fosse ainda submetido aos puxões gravitacionais da Lua e do Sol,
o deste constante e o daquela variável na base de 1/28 por dia.
Então, seria como se
uma pedrinha batesse numa bola imensa [a proporção seria de, digamos, 6.372 x 2
= 12.744 km de diâmetro para 16 km do meteorito de Iucatã há 65 milhões de
anos, 0,13 %; se a Terra tivesse um metro de diâmetro tal pedrinha teria 1,23
mm, um cisco, mas com muita energia (tanto assim que uma dessas acabou com 70 %
das espécies) ]. O objeto celeste começa a vibrar, balançando como vara verde.
Seria uma pancada forte e deveria ser repetidamente modelada. A grande de -273
milhões de anos tinha, sei lá, uns 30 a 40 km, nos termos acima 2,3 a 3,1 mm. A
Terra sacode a poeira mesmo, literalmente. Como é que uma coisa assim tão
pequena pode tanto em relação a essa bola-simbólica de 100 cm de diâmetro?
Agora,
seria interessantíssimo vermos nessa proporção o pequenino objeto batendo e
provocando tal catástrofe. A grande bola chacoalha e vibra demoradamente. Aí,
já deveríamos perguntar pelos efeitos na crosta [que por sua vez se subdivide:
1) atmosfera, 2) oceanos, águas e gelos; 3) desertos e solos em geral]; no
manto; no núcleo; fora do planeta (pois pedaços são enviados de volta ao
espaço). A computação gráfica seria formidável.
Quais os efeitos na
Vida geral e na Vida-racional em particular? Se tsunamis resultantes de
maremotos modestos, se vulcões e abertura de fissuras podem provocar tais
devastações, imagine só as de uma flecha! Precisaríamos ver com os nossos
próprios olhos (e não apenas com os olhos qualitativos da imaginação e do
pensamento) físicos, mesmo que em modelação computacional, pois nada é tão
ilustrativo e epifânico quanto isso.
Vitória,
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário