Fechando Municípios
Diogo Mainardi
escreve na Veja semanalmente desde
1999 e publicou recentemente um livro de crônicas escolhidas, A Tapas e Pontapés, Rio de Janeiro,
Record, 2005. É uma voz quase isolada de oposição num país de puxa-sacos e
aderentes – como Luis Fernando Veríssimo os chama, os “durex” adesistas -, mas
o Diogo é discípulo do falecido e detestável Paulo Francis e embora menos
violento que este ainda dispara às vezes exageradamente suas farpas, pois nem
tudo pode ser oposição, dado que nem tudo pode (para ninguém, exceto Deus)
estar errado.
Entrementes, na
página 91 ele diz: “Diminuir a presença dos políticos na vida nacional só
traria benefícios. Eu tenho algumas sugestões. Fechar as televisões públicas.
Vender Petrobrás, Eletrobrás e Banco do Brasil. Abolir toda a propaganda
política, paga ou gratuita, exceto no período eleitoral. Cortar pela metade o
número de municípios. Proibir os políticos de possuir qualquer forma de
concessão pública. Limitar com rigor os gastos nas campanhas”.
É preciso analisar
bem.
De fato, muitos, que
não o povo, se beneficiam das companhias estatais, é mesmo um festival de
oportunismos.
Quanto aos
municípios, eles são mais de 5,5 mil no Brasil e Mainardi diz que a maioria não
funciona com receita própria, sendo sustentados pelos governos e pelos
políticos como currais eleitorais (o que significa que há bois e vacas
eleitorais). O objetivo era distribuir a representatividade, levando-a para
mais perto do representado, mas sempre há abuso. Há uma tese circulando no
Brasil de que a maioria dos municípios na realidade constitui-se de áreas
rurais, não devendo receber tal nome; não devemos exagerar, mas em todo caso
uma investigação completa e isenta feita pela ONU e pelos poderes mundiais
deveria ser procedida com certa urgência.
Se fosse dado fim a
metade dos municípios do mundo, especialmente metade daqueles do Brasil, (2,75
mil x 10 vereadores por município, em média; mas para os pequenos o número
seria menor, digamos cinco =) 27.500 desocupados que nada fazem seriam
dispensados de suas funções, sem falar nos prefeitos e toda aquela gente do
cabide, os funcionários fantasmas ou os que vão lá para bater ponto, sem com
nada de relevante contribuir, exceto os excessos do poder, que se alguma
serventia têm é a de nos lembrar o que não queremos.
Em resumo, é uma
proposta a estudar seriamente, iniciando todo um movimento mundial de
compactação política, com isso poupando bilhões de dólares.
Vitória, sábado, 12
de março de 2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário