segunda-feira, 4 de setembro de 2017


Fechando Municípios

 

                            Diogo Mainardi escreve na Veja semanalmente desde 1999 e publicou recentemente um livro de crônicas escolhidas, A Tapas e Pontapés, Rio de Janeiro, Record, 2005. É uma voz quase isolada de oposição num país de puxa-sacos e aderentes – como Luis Fernando Veríssimo os chama, os “durex” adesistas -, mas o Diogo é discípulo do falecido e detestável Paulo Francis e embora menos violento que este ainda dispara às vezes exageradamente suas farpas, pois nem tudo pode ser oposição, dado que nem tudo pode (para ninguém, exceto Deus) estar errado.

                            Entrementes, na página 91 ele diz: “Diminuir a presença dos políticos na vida nacional só traria benefícios. Eu tenho algumas sugestões. Fechar as televisões públicas. Vender Petrobrás, Eletrobrás e Banco do Brasil. Abolir toda a propaganda política, paga ou gratuita, exceto no período eleitoral. Cortar pela metade o número de municípios. Proibir os políticos de possuir qualquer forma de concessão pública. Limitar com rigor os gastos nas campanhas”.

                            É preciso analisar bem.

                            De fato, muitos, que não o povo, se beneficiam das companhias estatais, é mesmo um festival de oportunismos.

                            Quanto aos municípios, eles são mais de 5,5 mil no Brasil e Mainardi diz que a maioria não funciona com receita própria, sendo sustentados pelos governos e pelos políticos como currais eleitorais (o que significa que há bois e vacas eleitorais). O objetivo era distribuir a representatividade, levando-a para mais perto do representado, mas sempre há abuso. Há uma tese circulando no Brasil de que a maioria dos municípios na realidade constitui-se de áreas rurais, não devendo receber tal nome; não devemos exagerar, mas em todo caso uma investigação completa e isenta feita pela ONU e pelos poderes mundiais deveria ser procedida com certa urgência.

                            Se fosse dado fim a metade dos municípios do mundo, especialmente metade daqueles do Brasil, (2,75 mil x 10 vereadores por município, em média; mas para os pequenos o número seria menor, digamos cinco =) 27.500 desocupados que nada fazem seriam dispensados de suas funções, sem falar nos prefeitos e toda aquela gente do cabide, os funcionários fantasmas ou os que vão lá para bater ponto, sem com nada de relevante contribuir, exceto os excessos do poder, que se alguma serventia têm é a de nos lembrar o que não queremos.

                            Em resumo, é uma proposta a estudar seriamente, iniciando todo um movimento mundial de compactação política, com isso poupando bilhões de dólares.

                            Vitória, sábado, 12 de março de 2005.

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