terça-feira, 5 de setembro de 2017


A Estrada Privatizada como Denúncia do Estado

 

                            Logo depois do governo Max, no governo Albuíno, fui levar ao Palácio Anchieta uma proposta de privatização da BR 101 no Espírito Santo, que seria primeiro cedida ao GEES (governo do estado do ES) e depois privatizada para render dinheiro a este nosso lugar.

                            Agora, por um motivo ou outro, vão fazer isso.

                            Do Rio de Janeiro capital até a divisa do ES com a Bahia vão privatizar 700 km da rodovia federal (que vai do Rio Grande do Sul a muito além do Rio Grande do Norte, cortando quase toda a costa do Atlântico, e sem dúvida alguma já é e vai ser ainda mais uma das mais importantes rodovias do mundo). De passagem vão instalar 11 pedágios, mais ou menos um a cada 70 km, que juntos com os da Via Dutra (como se chama a BR 101 entre o Rio de Janeiro e São Paulo capital) devem encarecer sobremaneira os fretes, tudo ficando somado aos valores pagos pelos consumidores, estação final da festa dos governempresas. Devem duplicar e em alguns trechos até triplicar e podemos contar que vai melhorar muito: a) novo terraplenagem mais larga e segura, b) asfalto novo; c) telefones à vontade; d) muito mais postos de gasolina atraídos; e) pronto atendimento em caso de acidentes; f) patrulhamento constante por policiais e gente das empresas concessionárias; g) muitas outras facilidades (a chamada Nova Dutra melhorou sensivelmente). Todas as coisas boas tem do outro lado da soma zero as coisas ruins, que fatalmente serão pagas pelo povo. Por outro lado os ônibus circularão com mais tranqüilidade e assim por diante, beneficiando também o povo.

                            É bem evidente que um novo pólo desenvolvimentista está sendo inventado, a saber, o que irá do RJ-capital até o sul da Bahia, precisamente até as portas da empresa de papel Bahia Sul, que fica logo além de Pedro Canário, último município capixaba do norte tocado pela 101 em nosso território.

                            O que me movia e ainda move era e é fazer o Estado geral funcionar, ainda que tenhamos críticas a fazer, pois a estrada precisar ser privatizada para funcionar a contento aponta inquestionavelmente que o Estado não é capaz de operar sozinho a favor do povo e que vem sendo pirateado de mil modos com a conivência dos governantes do Executivo, dos políticos do Legislativo e dos juízes do Judiciário, sem falar dos empresários aproveitadores.

                            Agora teremos uma estrada funcional à custa de pagar 11 pedágios (cada um dos quais não custa menos que cinco reais para carro pequeno, pelo menos um dólares e meio; para ir de Vitória ao Rio de Janeiro, 500 km, pagaremos pedágio completo de pelo menos - 500/70 – sete vezes cinco reais, total R$ 35). Eficiência à custa de sangria ainda maior, quando já pagávamos 58 tributos (agora dizem que já são 71).

MAIS VALE ERRAR TENTANDO DO QUE DEIXAR DE FAZER (diz a música tocando aqui) – nesta área em que o ES está bem no meio. Assim, RJ/ES/BA constituirão um novo pólo de produçãorganização.


ESTA PARTE ESTÁ SENDO SUPERVALORIZADA (por quê será?)


Em resumo, perdemos muito mais com o Estado que sem ele (pelo menos no Brasil, onde as lutas populares ainda não foram travadas a contento).
Vitória, segunda-feira, 21 de março de 2005.

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