As Musas
AS
MUSAS
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Fui ver esse filme, do Hércules, muito engraçado,
recomendo mesmo, elas riram demais se vendo como desenhos, “ó você ali, Clio”
e gargalhavam, o cinema pediu silêncio, aí que elas riam mais.
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Quando digo para as pessoas que as musas moram
lá em casa elas viram a cara achando que é orgulho, que estou de zombaria, que
estou tripudiando. Engano total, moram mesmo. Claro que nem sempre, por vezes
saem, mas não sei o que tenho, elas GOSTAM de mim, entende?
Como eu criaria tantas coisas?
Você acha que teria capacidade de escrever
MIL (1.000) contos? Aonde, vê se acorda!
Vou contar com fiquei conhecendo essas moças.
Eu tava bebendo café numa tarde de domingo no
segundo andar da Cafeteria Cabral, ali na Dante Miguelini, esquina com a
Roberto Salvatti, fazem um cappuccino extraordinário por lá, você precisa ir lá
pra provar e negar ou afirmar comigo. Fico horas bebericando, chorando para ver
se me dão a receita, falei “eu compro uma máquina igualzinha”. E eles, “não é
questão de máquina, seu Cristóvão”. “Droga, então me dá a receita, Nico, me dá,
não, eu compro, quanto quer?”
Não tinha jeito. Semana após semana indo lá
tomar café e comer quitutes, que também são excelentes.
Meses.
Entram essas moças, pareciam famintas, era um
grupo grande.
Novinhas, não sou desses, já tenho mais de
60, eram como netas, só que muito espertas, parecendo saber mais que a idade.
Sentaram-se, comeram bastante, eu estava bem, paguei, repetiram, ficaram
satisfeitas, se ofereceram para ir lá para casa, falei “êpa, não sou desses,
sou viúvo, tenho neta da idade de vocês, tão me estranhando?”
- Que isso, tio?
E foram, ficávamos conversando, minha irmã
foi lá um dia, achou que era outra coisa, briguei com ela, dei um esporro
mesmo, eu, hem? Toma vergonha, Matilda. A casa era imensa, meus filhos já
tinham saído, eu estava sozinho, sustentei as moças.
Elas pediram alguns instrumentos e máquinas,
primeiro uma máquina velha de escrever que eu tinha lá, papel, pincéis,
quadros, uma parafernália, eu não tinha mais nada para fazer, comprei tudo,
nunca erravam uma letra e começaram a produzir contos e artigos que queriam que
eu apresentasse e publicasse em meu nome, recusei, é lógico, não é meu, mas
elas insistiram tanto que me tornei escritor já estando aposentado. E fizeram
outras coisas também, essas que tenho exposto por aí, o pessoal acha que sou um
super-gênio, “aí, hem, guardando segredo”. Bem, com o tempo me deixei
convencer, depois eu conto quem foi, pensava comigo. Mas se eu contasse iam
dizer que era “papa-anjo”, tá doido, tenho reputação.
Levei para vários editores, começou uma
competição para publicar “minhas coisas”.
Perguntavam:
- Quem escreveu isso?
Eu:
- Foram as musas.
Eles achavam que era modéstia minha. Bom,
depois de algum tempo desisti de explicar, ficou por isso mesmo.
Passaram ao computador, que adotei já
tardiamente.
Engraçado que elas não envelheciam, 20 anos, essa
juventude de hoje, tanto creme, tanto sabão especial que elas gastavam com
vontade, era a diversão delas. Com o dinheiro que ganhei fiz uma piscina
GIGANTE para elas, elas brincavam, meus filhos e filha vinham, traziam os netos
e netas, foi muito bom.
Fiquei famoso, veja só!
ELAS deveriam ter ficado famosas, isso sim,
mas eram simples, muito formosas, belas além da descrição. E sempre íamos tomar
cappuccino, elas adoravam. Comiam igual umas frieiras e nunca engordavam.
Tem gente que tem sorte.
Eu, se comer ar já engordo 200 g. Tenho de me
policiar, com as taxas, isso aí.
Serra,
segunda-feira, 12 de novembro de 2012.
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