O Hedonismo do Alegria

 

                            Alegria é um preto de 150 kg que vende cocos perto do Bar do Pezão em Jardim da Penha, Vitória, Espírito Santo. Indagado sobre quanto comia ele disse que “só o básico”, fazia uma panelinha de arroz (pelo gesto com as mãos 1,5 kg), separava umas colheres para o garoto e juntava mais alguma coisa, quer dizer, pelo menos dois quilogramas em cada refeição. Vende os cocos e com a renda compra outros e bebe o lucro nos bares da redondeza. Cultiva a amizade dos que vão ali, inclusive juizes aposentados e coronéis da reserva. Tem uns 45 anos ou mais, veio do Rio de Janeiro e até onde se pode ver não possui riquezas, nem as pretende. A menos de ganhos nas loterias esse futuro não terá. Nos seus gestos (não sabemos dos pensamentos) vive, como aconselhou Cristo, somente o dia de hoje. É um hedonista sem saber da palavra e da filosofia.

                            Considerando que o universo veio do não-finito e fora o soluço eletromagnético (com as demais forças co-operando na construção) que cada um é, ele não está errado, não; pelas coisas horríveis que parte da humanidade é capaz de fazer não está nada errado.

...para o não-finito   Do não-finito...   O breve soluço eletromagnético chamado “vida”

 

O Alegria leva a vida de uma forma tranquila, não-aguda, não-exagerada como a da matéria do jornal A Gazeta em anexo, que fala desse movimento excessivo atual em torno da alimentação. Quando se pergunta por “resort” no Google vem 2,3 milhões de imagens. Nunca tinha pensado que resort fosse uma forma de hedonismo e então todo o turismo, todas as férias, tudo isso de autobenefício é. Se resort é o almejado paraíso na Terra é porque as pessoas não estão mais contando com o paraíso no Céu. As férias eternas não cativam mais e as pessoas estão preferindo as férias terrestres às celestiais, pois o hedonismo é no final das contas a negação do Céu.

A vantagem do Alegria é que ele não é aflito no gozo da Terra, vai vivendo de forma tranqüila e abençoada, curtindo sua inserção na manifestação eletromagnética.

Vitória, agosto de 2005.

 

                            HEDONISMO

DO DICIONÁRIO AURÉLIO SÉCULO XXI: [Do gr. hedoné, 'prazer', + -ismo.] S. m. 1. Ét.  Doutrina que considera que o prazer individual e imediato é o único bem possível, princípio e fim da vida moral: "A teoria socrática do bom e do útil, da prudência,... produz, entendida pela índole voluptuária de Aristipo, o hedonismo, ou a filosofia, em que toda a humana bem-aventurança se resolve no prazer"  (Latino Coelho, A Oração da Coroa, pp. CCXXXVI-CCXXXVII). 2. Filos.  Doutrina moral do cirenaísmo.

Hedonismo, doutrina segundo a qual o prazer é o único ou o principal bem da vida e sua busca a finalidade ideal da conduta. Microsoft ® Encarta ® Encyclopedia 2002. © 1993-2001 Microsoft Corporation. Todos os direitos reservados.

Hedonismo Do grego hedone, prazer. Diz-se da doutrina que considera o prazer como a essência da felicidade ou que exalta o prazer como suprema norma moral.

Hedonistas pregam liberdade e prazer acima de tudo Aproveite a atmosfera de liberdade, onde o prazer vem acima de tudo. Os resorts e clubes de hedonismo são voltados exclusivamente para os que querem se divertir, passar momentos agradáveis, alegres, conhecer outras pessoas, tudo sem obrigações.