O Elogio de
Pixinguinha à Escultura
Modelando pelo som e
pela palavra, em vez de por cinzel, Pixinguinha e Otávio de Souza esculpiram a
mulher com uma finura inultrapassável, penso eu (claro que isso é um elogio: o
mundo é muito grande e a tendência do desafio é o ultrapassamento).
É fácil dizer que
dentro do bloco de mármore ou do de granito está a figura e que o escultor só
faz tirá-la de lá, desbastando o excesso. Não é verdade, a figura está dentro
da mente dele e ele a tira dela para colocá-la dentro do bloco, arrancando o
que sobra.
Quando você ou eu
fazemos um texto, ele é bruto, não consegue expressar tão bem a emoção mais
alta: esses outros que a dupla fez e que atravessam as décadas (leia-os abaixo)
é uma grande escultura da mulher, uma escultura psicológica feita em palavras
que nos emocionam sempre. Eles tributam à mulher e entalham em nós, cada vez
que lemos.
Vitória, agosto de 2005.
ESCULTURA (estamos vendo dentro da mente do escultor)
Escultura (em latim, sculpere,
‘esculpir’), arte de criar formas figurativas ou abstratas, tanto planas
quanto em relevo. Microsoft ® Encarta
® Encyclopedia 2002. © 1993-2001 Microsoft Corporation. Todos
os direitos reservados.
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A
MENTE DO GREGO PRAXISTELES
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A
MENTE DO BRASILEIRO ALEIJADINHO
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PIXINGUINHA (não esquecer do Otávio de Souza) – o
escultor que pega o bloco-socioeconômico e o entalha na forma de sua mente.
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O
BLOCO DE GRANITO
(no caso da Psicologia são PESSOAS – indivíduos, famílias, grupos e empresas -
e AMBIENTES – cidades-municípios, estados, nações e mundos – que são burilados)
– assim bruto o bloco nada nos diz, você não vê nada dentro dele.
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A
MULHER ESCULPIDA
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Rosa
Pixinguinha, Otavio de Sousa
Tu és divina e
graciosa, estátua majestosa
Do amor, por Deus esculturada E formada com ardor Da alma da mais linda flor de mais ativo olor Que na vida é preferida pelo beija-flor Se Deus me fora tão clemente aqui neste ambiente De luz, formada numa tela deslumbrante e bela Teu coração, junto ao Meu lanceado Pregado e crucificado sobre a rósea cruz do arfante peito teu Tu és a forma ideal, estátua magistral Oh alma perenal do meu primeiro amor, sublime amor Tu és de Deus a soberana flor Tu és de Deus a criação Que em todo coração sepultas um amor O riso, a fé, a dor em sândalos olentes cheios de sabor Em vozes tão dolentes como um sonho em flor És láctea estrela, és mãe da realeza És tudo enfim que tem de belo Em todo resplendor da santa natureza Perdão se ouso confessar-te, eu hei de sempre amar-te Oh flor, meu peito não resiste Oh meu Deus, o quanto é triste A incerteza de um amor que mais me faz penar em esperar Em conduzir-te um dia ao pé do altar Jurar aos pés do Onipotente em preces comoventes De dor, e receber a unção da tua gratidão Depois de remir meus desejos em nuvens de beijos Hei de envolver-te até meu padecer de todo fenecer |
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