terça-feira, 28 de novembro de 2017


O Elogio de Pixinguinha à Escultura

 

                            Modelando pelo som e pela palavra, em vez de por cinzel, Pixinguinha e Otávio de Souza esculpiram a mulher com uma finura inultrapassável, penso eu (claro que isso é um elogio: o mundo é muito grande e a tendência do desafio é o ultrapassamento).

                            É fácil dizer que dentro do bloco de mármore ou do de granito está a figura e que o escultor só faz tirá-la de lá, desbastando o excesso. Não é verdade, a figura está dentro da mente dele e ele a tira dela para colocá-la dentro do bloco, arrancando o que sobra.

                            Quando você ou eu fazemos um texto, ele é bruto, não consegue expressar tão bem a emoção mais alta: esses outros que a dupla fez e que atravessam as décadas (leia-os abaixo) é uma grande escultura da mulher, uma escultura psicológica feita em palavras que nos emocionam sempre. Eles tributam à mulher e entalham em nós, cada vez que lemos.

Vitória, agosto de 2005.

 

                            ESCULTURA (estamos vendo dentro da mente do escultor)

Escultura (em latim, sculpere, ‘esculpir’), arte de criar formas figurativas ou abstratas, tanto planas quanto em relevo. Microsoft ® Encarta ® Encyclopedia 2002. © 1993-2001 Microsoft Corporation. Todos os direitos reservados.
A MENTE DO GREGO PRAXISTELES
A MENTE DO BRASILEIRO ALEIJADINHO

PIXINGUINHA (não esquecer do Otávio de Souza) – o escultor que pega o bloco-socioeconômico e o entalha na forma de sua mente.


O BLOCO DE GRANITO (no caso da Psicologia são PESSOAS – indivíduos, famílias, grupos e empresas - e AMBIENTES – cidades-municípios, estados, nações e mundos – que são burilados) – assim bruto o bloco nada nos diz, você não vê nada dentro dele.


A MULHER ESCULPIDA

Rosa
Pixinguinha, Otavio de Sousa
 
Tu és divina e graciosa, estátua majestosa
Do amor, por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor de mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente aqui neste ambiente
De luz, formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração, junto ao Meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz do arfante peito teu

Tu és a forma ideal, estátua magistral
Oh alma perenal do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela, és mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza

Perdão se ouso confessar-te, eu hei de sempre amar-te
Oh flor, meu peito não resiste
Oh meu Deus, o quanto é triste
A incerteza de um amor que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia ao pé do altar
Jurar aos pés do Onipotente em preces comoventes
De dor, e receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer de todo fenecer

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