O Mundo de Dois Mil
Anos Atrás
Quando a gente pensa
em dois mil anos passados geralmente faz referência a Jesus e daí à Galileia.
Num de seus livros Clarice Lispector diz: “estas são as ruínas egípcias de
amanhã” e eu vi Copacabana em ruínas daqui a cinco mil anos.
Não estou falando de
dois mil anos atrás de nós, mas de dois mil anos atrás dois mil anos na frente,
ou seja, o presente visto de quatro mil d.C: nesse tempo nós é que seremos os
primitivos. NÓS JÁ SOMOS. Tudo isso que julgamos avançado é na realidade
atrasado também.
Se esse relativismo
não for ensinado o inverso também não será considerado: que o ano de 1870 não é
atrasado só, é avançado também. Tendemos a ver tudo que ficou para trás como
caduco, obsoleto, insuficiente e isso não é verdade. Nós estamos olhando o
mundo de dois mil anos atrás (quando coloquemos o zero dois mil anos adiante) e
achamos as coisas interessantes: se do futuro tiverem paciência, e nossos olhos,
também se interessarão. Se tivermos paciência e os olhos do ano zero acharemos
aquele tempo interessante. Agora mesmo a HBO está projetando Roma, seu seriado de 12 capítulos que
custou 100 milhões de dólares e é um retrato muito mais fiel (como não sabemos
PRECISAMENTE como era Roma Zero – na realidade a do ano 50 a.C. no seriado –
não temos idéia de quão precisa é a reconstituição) daqueles tempos.
CÉSAR
ERA PERFEITAMENTE ATUAL
(ele deve ser retratado como se fosse hoje, com todas as pulsões e paixões
humanas)
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ESSAS
RUÍNAS ESTAVAM TÃO VIVAS QUANTO A ATUALIDADE
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Essa
ATUALIZAÇÃO pessoal e ambiental os filmes não fazem, eles tratam o passado como
arqueologia, coisa antiga que mantém algum interesse residual no presente.
Vitória,
agosto de 2005.
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