quinta-feira, 30 de novembro de 2017


O Mundo de Dois Mil Anos Atrás

 

                            Quando a gente pensa em dois mil anos passados geralmente faz referência a Jesus e daí à Galileia. Num de seus livros Clarice Lispector diz: “estas são as ruínas egípcias de amanhã” e eu vi Copacabana em ruínas daqui a cinco mil anos.

                            Não estou falando de dois mil anos atrás de nós, mas de dois mil anos atrás dois mil anos na frente, ou seja, o presente visto de quatro mil d.C: nesse tempo nós é que seremos os primitivos. NÓS JÁ SOMOS. Tudo isso que julgamos avançado é na realidade atrasado também.

                            Se esse relativismo não for ensinado o inverso também não será considerado: que o ano de 1870 não é atrasado só, é avançado também. Tendemos a ver tudo que ficou para trás como caduco, obsoleto, insuficiente e isso não é verdade. Nós estamos olhando o mundo de dois mil anos atrás (quando coloquemos o zero dois mil anos adiante) e achamos as coisas interessantes: se do futuro tiverem paciência, e nossos olhos, também se interessarão. Se tivermos paciência e os olhos do ano zero acharemos aquele tempo interessante. Agora mesmo a HBO está projetando Roma, seu seriado de 12 capítulos que custou 100 milhões de dólares e é um retrato muito mais fiel (como não sabemos PRECISAMENTE como era Roma Zero – na realidade a do ano 50 a.C. no seriado – não temos idéia de quão precisa é a reconstituição) daqueles tempos.

CÉSAR ERA PERFEITAMENTE ATUAL (ele deve ser retratado como se fosse hoje, com todas as pulsões e paixões humanas)


ESSAS RUÍNAS ESTAVAM TÃO VIVAS QUANTO A ATUALIDADE


Essa ATUALIZAÇÃO pessoal e ambiental os filmes não fazem, eles tratam o passado como arqueologia, coisa antiga que mantém algum interesse residual no presente.

Vitória, agosto de 2005.

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