Filmando os Erros
Quando nos filmes de
gangsteres ou de bandidos e policiais a gente vê os criminosos metralhando uma
casa eles sempre atiram para o alto e sistematicamente os de dentro abaixam-se
abaixo da linha mínima da janela, de modo que ninguém é atingido, ou raramente;
claro, algum bandido mais esperto começaria atirando rés do chão, porque a
chance de alguém se pendurar no teto é pequena.
Também é certo que quando
atiram num carro blindado ao verem que os tiros não penetram na carroceria
continuam atirando, quando deveriam mirar os pneus; no caso destes serem de
borracha maciça, portanto impenetráveis, atirar no chão, esperando atingir
algum “ponto vital” na “barriga” do carro, quer dizer, na sua parte baixa, onde
estão as fiações, os canos de transporte de combustível, o tanque deste e
coisas assim: mirar debaixo do porta-malas o chão de asfalto ou pedra, onde as
balas resvalariam e atingiriam o carro por baixo.
Por outro lado,
quando alguém está correndo em tubulação as metralhadoras vão perseguindo
ATRÁS, quer dizer, de trás para frente, no mesmo sentido de corrida, quando
nitidamente deveriam fazer o inverso, começar a atirar da frente para trás,
pegando então o fugitivo; ou, melhor ainda, um de um lado e outro do lado
oposto em sentidos contrários.
Será que não tem
nenhum roteirista pensando nisso ou os bandidos são todos burros e merecem
mesmo perder? Acho que sim, mas torná-los mais espertos nas tramas significaria
mocinhos ainda mais argutos. Isso beneficiaria os espectadores. Penso até que
deveria haver um grupo-tarefa de pessoas pensando as situações
cinematográficas, visando introdução de maior número de novidades, porque são
elas que tornam atrativas as coisas.
Vitória, agosto de
2005.
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