segunda-feira, 27 de novembro de 2017


Filmando os Erros

 

                            Quando nos filmes de gangsteres ou de bandidos e policiais a gente vê os criminosos metralhando uma casa eles sempre atiram para o alto e sistematicamente os de dentro abaixam-se abaixo da linha mínima da janela, de modo que ninguém é atingido, ou raramente; claro, algum bandido mais esperto começaria atirando rés do chão, porque a chance de alguém se pendurar no teto é pequena.

                            Também é certo que quando atiram num carro blindado ao verem que os tiros não penetram na carroceria continuam atirando, quando deveriam mirar os pneus; no caso destes serem de borracha maciça, portanto impenetráveis, atirar no chão, esperando atingir algum “ponto vital” na “barriga” do carro, quer dizer, na sua parte baixa, onde estão as fiações, os canos de transporte de combustível, o tanque deste e coisas assim: mirar debaixo do porta-malas o chão de asfalto ou pedra, onde as balas resvalariam e atingiriam o carro por baixo.

                            Por outro lado, quando alguém está correndo em tubulação as metralhadoras vão perseguindo ATRÁS, quer dizer, de trás para frente, no mesmo sentido de corrida, quando nitidamente deveriam fazer o inverso, começar a atirar da frente para trás, pegando então o fugitivo; ou, melhor ainda, um de um lado e outro do lado oposto em sentidos contrários.

                            Será que não tem nenhum roteirista pensando nisso ou os bandidos são todos burros e merecem mesmo perder? Acho que sim, mas torná-los mais espertos nas tramas significaria mocinhos ainda mais argutos. Isso beneficiaria os espectadores. Penso até que deveria haver um grupo-tarefa de pessoas pensando as situações cinematográficas, visando introdução de maior número de novidades, porque são elas que tornam atrativas as coisas.
                            Vitória, agosto de 2005.

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