Tudo que o Diligente
Caos Determinista Criou
Em seu livro (A Cabeça Bem-Feita, 9ª edição, Rio de
Janeiro, Bertrand Brasil, 2004) Edgar Morin diz em duas passagens da página 56:
1. “A primeira revolução científica de
nosso século, iniciada pela termodinâmica de Boltzmann, deflagrada pela
descoberta dos quanta, seguida pela desintegração do Universo de Laplace, mudou
profundamente nossa concepção do mundo. Minou a validade absoluta do princípio
determinista. Subverteu a Ordem do mundo, grandioso resquício da divina
Perfeição, para substituí-la por uma relação de diálogo (ao mesmo tempo
complementar e antagônica) entre ordem e desordem”.
2. “Aprendemos que tudo aquilo que é só
pode ter nascido do caos e da turbulência, e precisa resistir a enormes forças
de destruição”.
Ora, Morin participa, com seus
esforços complexantes, da dilaceração polar que coloca os pares como
antagônicos, opostos, e não como complementares TAMBÉM; assim, cartesiano, ele
opõe os pares e lança a humanidade mais um pouco na senda dos conflitos já
inúteis com o modelo. É claro que há caos de um lado, mas ele é só 50 % da soma
zero 50/50 – do outro lado está a determinação, pois a cômoda onde guardo
várias coisas existe mesmo COMO PROCESSO DE LÓGICA, que fala de um montador
humano longamente montado.
Então, temos (de 1):
a) O caos é determinista: a desordem cria
a ordem;
b) O determinismo é caótico, é aleatório:
o novo patamar sempre gerará NOVO NÍVEL DE CAOS. Assim, os cro-magnons terem
chegado a alguma ordem antropológica, organizando os neandertais mais além,
significou apenas que disso saiu Jericó há 11 mil anos e daí um novo gênero de
desordem, a civilizada. E assim por diante.
Por outro lado também temos (de 2):
c) A luta pela sobrevivência do mais apto
é a luta por vencer PROVISORIAMENTE o caos e a turbulência, ou seja, para
ascender a um novo patamar de agitação e confusão;
d) Cada nível é apto para as soluções
anteriores, quer dizer, ele soluciona os dilemas pretéritos e as passadas
forças de destruição – mas é impotente perante as forças do futuro, quer dizer,
à futura desordem. Dizendo de outro modo, ter resistido ao passado não garante
nenhum futuro, só o direito de continuar lutando (todos os que morreram
perderam esse direito).
Vemos que Morin – apresar de todo o
seu brilhantismo - segue o caminho da renúncia à despolarização; ele ainda
necessita da complexificação, oposto polar da simplificação.
Vitória, agosto de 2005.
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