segunda-feira, 13 de novembro de 2017


Tudo que o Diligente Caos Determinista Criou

 

                            Em seu livro (A Cabeça Bem-Feita, 9ª edição, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2004) Edgar Morin diz em duas passagens da página 56:

1.       “A primeira revolução científica de nosso século, iniciada pela termodinâmica de Boltzmann, deflagrada pela descoberta dos quanta, seguida pela desintegração do Universo de Laplace, mudou profundamente nossa concepção do mundo. Minou a validade absoluta do princípio determinista. Subverteu a Ordem do mundo, grandioso resquício da divina Perfeição, para substituí-la por uma relação de diálogo (ao mesmo tempo complementar e antagônica) entre ordem e desordem”.

2.       “Aprendemos que tudo aquilo que é só pode ter nascido do caos e da turbulência, e precisa resistir a enormes forças de destruição”.

Ora, Morin participa, com seus esforços complexantes, da dilaceração polar que coloca os pares como antagônicos, opostos, e não como complementares TAMBÉM; assim, cartesiano, ele opõe os pares e lança a humanidade mais um pouco na senda dos conflitos já inúteis com o modelo. É claro que há caos de um lado, mas ele é só 50 % da soma zero 50/50 – do outro lado está a determinação, pois a cômoda onde guardo várias coisas existe mesmo COMO PROCESSO DE LÓGICA, que fala de um montador humano longamente montado.

Então, temos (de 1):

a)      O caos é determinista: a desordem cria a ordem;

b)     O determinismo é caótico, é aleatório: o novo patamar sempre gerará NOVO NÍVEL DE CAOS. Assim, os cro-magnons terem chegado a alguma ordem antropológica, organizando os neandertais mais além, significou apenas que disso saiu Jericó há 11 mil anos e daí um novo gênero de desordem, a civilizada. E assim por diante.

Por outro lado também temos (de 2):

c)      A luta pela sobrevivência do mais apto é a luta por vencer PROVISORIAMENTE o caos e a turbulência, ou seja, para ascender a um novo patamar de agitação e confusão;

d)     Cada nível é apto para as soluções anteriores, quer dizer, ele soluciona os dilemas pretéritos e as passadas forças de destruição – mas é impotente perante as forças do futuro, quer dizer, à futura desordem. Dizendo de outro modo, ter resistido ao passado não garante nenhum futuro, só o direito de continuar lutando (todos os que morreram perderam esse direito).

Vemos que Morin – apresar de todo o seu brilhantismo - segue o caminho da renúncia à despolarização; ele ainda necessita da complexificação, oposto polar da simplificação.

Vitória, agosto de 2005.

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