A Febre de 4 % Graus
da Terra
O que é crescer a 4 % ao ano?
Parece pouco, mas se o ser humano crescesse a
esse ritmo começando com um meio metro ao nascer atingiria mais de dois metros
aos 18 anos; entrementes, se prosseguisse passaria de quatro metros aos 36 e
aos 72 estaria com oito metros de altura. Sendo a equação y = xn = 2
(dobrar) = (1,04)n, duplica a cada 17,7 anos, em um século
multiplicando a renda atual do planeta de mais de 40 trilhões de dólares por 50
vezes, para 2.000 trilhões ou dois quatrilhões, cifra inimaginável em razão da
pressão ecológica ou ambiental sobre todas as formas de vida, inclusive a
nossa. Então, nos 100 anos seguintes terá de ser freado, mesmo com a ida (que
será sempre residual por enquanto) ao espaço.
Antes fazia sentido, porque a humanidade era
pobre demais em tudo, mas agora os benefícios do crescimento desenfreado se
tornaram menores que os custos futuros previstos e ocultos ainda. Não se trata
de reduzir à maneira do Clube de Roma, cuja política era: “agora que chegamos
lá devemos rever a abundância PARA OS OUTROS, os pobres”. Nada disso.
Podemos reduzir imediatamente a 2 %,
conseguindo os outros 2 % à guisa de evitar desperdícios e de reaproveitar os
objetos para você e para mim, para todos mesmo, ensinando-aprendendo isso nas
escolas. Podemos, como na proposta de simplificação, depois de chegar a 12
bilhões de pessoas em 2050 - no arrastamento inercial - reduzir a dois bilhões
120 anos depois, conseguindo aí reduzir os 2 % a ⅙ ou 0,3 % e assim por
diante com várias políticas imaginosas.
Sou terminantemente contra exclusão dos
pobres e miseráveis de agora, que devem ter chance de fusão e elevação.
Contudo, mesmo 0,0 % ainda seria crescimento, pois a cada ano estaria sendo
somado 100 %: veja, se as taxas de crescimento populacional reduzissem a zero
ter mais um TV a cada ano, uma casa nova a cada ano, um carro novo a cada ano
até encheria as pessoas de tédio, de tanto que seria somado numa vida inteira.
Como já fiz conta, 4 % de crescimento durante
700 anos nos levaria a mais de 800 bilhões de vezes o PIB mundial de agora. Não
faz sentido, isso é coisa antiga, algo de caduco. A política de distribuição da
afluência é que deve prevalecer no ensinaprendizado d’adiante.
DE ONDE A CORNUCÓPIA
ESTÁ TIRANDO TUDO ISSO? (o negativo do positivo não vem sendo apresentado nas
contas, como tantos já disseram de outros modos)
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Quem está apresentando tal abundância é
realmente amigo da humanidade? Qual é o custo embutido desses exageros do
super-consumo?
Vitória, sábado, 21 de julho de 2007.
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