Custo dos Anéis
“Falar é fácil”, como diz o povo.
De fato, não é, é complicadíssimo e supõe
bilhões de anos de evolução, mas em todo caso fazer é mais difícil.
Por exemplo, os custos do sistema dos anéis
no campo não são poucos, nem unicamente monetários, envolvem a ecologia de um
quilômetro quadrado para cada anel, no conjunto 20 deles (naquilo que
acidentalmente coloquei), total de mais de 20 km2, com resultados
imprevisíveis, pois não se trata apenas de encontrar receptividade nas
aquisições, há estradas a construir, motivação psicológica para ir, recondução
das pessoas no sentido da experiência (que poderia fracassar). Por princípio as
pessoas deveriam aceitar ficarem de frente umas para as outras e não mais de
costas, partilhando o mesmo ambiente central, cuidando em conjunto dos filhos,
educando-os na mesma liberdade e assim por diante.
Não é nada fácil.
Grandes empresas deveriam se candidatar aos
projetos, com o auxílio dos governos no sentido de pelo menos compreender o
projeto. Fatalmente, se os carros, os automóveis, vão significar menos, se o
desprendimento quanto ao materialismo vai se manifestar necessariamente, se as
pessoas vão consumir menos certamente as empresas atuais não irão gostar, pois
teriam de no mínimo reorientar seus destinos para vidas mais simples e
tranqüilas, sem a possessividade de antes.
A idéia central é trabalhar fora durante a
semana de cinco dias e sábado e domingo não sair mais de casa, vivendo as 200
casas com 800 pessoas centradas em si e nas diversões comuns; é ir de carro,
correndo só durante a semana para fora e durante os dois dias restantes acomodar
mesmo. Se os moradores tiverem empresas comuns podem até dividir a semana de
seis dias (para dar conta certa) em dois (de três dias cada) ou em três (de
dois dias cada) períodos, ficando cada qual com quatro (sábado e domingo, mais
dois) ou cinco (idem, mais três) dias em casa, 57 a 71 % do tempo total agora
livre, fora as horas de sono dos outros três ou quatro e os dias anuais de
férias.
Seria uma vida qualitativamente nova, as
pessoas devendo surpreendentemente se adaptar à felicidade, adotando uma nova
maneira de ser e sentir. Parece fácil, mas não é, reconstruir toda a
expectativa de vida, toda a visão de mundo que durante milênios foi de
destruição e caos, de guerra e confrontos.
E, depois, há a mera compra dos terrenos, que
no Espírito Santo são muito partidos, fragmentados até o ridículo, até quase o
tamanho de lotes urbanos. Comprar de vários para dar as dimensões esperadas de
um anel-hexágono será problemático, mas de qualquer forma o ser humano vive de
resolver problemas.
Vitória, domingo, 15 de julho de 2007.
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