domingo, 26 de agosto de 2018


Custo dos Anéis

 

“Falar é fácil”, como diz o povo.

De fato, não é, é complicadíssimo e supõe bilhões de anos de evolução, mas em todo caso fazer é mais difícil.

Por exemplo, os custos do sistema dos anéis no campo não são poucos, nem unicamente monetários, envolvem a ecologia de um quilômetro quadrado para cada anel, no conjunto 20 deles (naquilo que acidentalmente coloquei), total de mais de 20 km2, com resultados imprevisíveis, pois não se trata apenas de encontrar receptividade nas aquisições, há estradas a construir, motivação psicológica para ir, recondução das pessoas no sentido da experiência (que poderia fracassar). Por princípio as pessoas deveriam aceitar ficarem de frente umas para as outras e não mais de costas, partilhando o mesmo ambiente central, cuidando em conjunto dos filhos, educando-os na mesma liberdade e assim por diante.

Não é nada fácil.

Grandes empresas deveriam se candidatar aos projetos, com o auxílio dos governos no sentido de pelo menos compreender o projeto. Fatalmente, se os carros, os automóveis, vão significar menos, se o desprendimento quanto ao materialismo vai se manifestar necessariamente, se as pessoas vão consumir menos certamente as empresas atuais não irão gostar, pois teriam de no mínimo reorientar seus destinos para vidas mais simples e tranqüilas, sem a possessividade de antes.

A idéia central é trabalhar fora durante a semana de cinco dias e sábado e domingo não sair mais de casa, vivendo as 200 casas com 800 pessoas centradas em si e nas diversões comuns; é ir de carro, correndo só durante a semana para fora e durante os dois dias restantes acomodar mesmo. Se os moradores tiverem empresas comuns podem até dividir a semana de seis dias (para dar conta certa) em dois (de três dias cada) ou em três (de dois dias cada) períodos, ficando cada qual com quatro (sábado e domingo, mais dois) ou cinco (idem, mais três) dias em casa, 57 a 71 % do tempo total agora livre, fora as horas de sono dos outros três ou quatro e os dias anuais de férias.

Seria uma vida qualitativamente nova, as pessoas devendo surpreendentemente se adaptar à felicidade, adotando uma nova maneira de ser e sentir. Parece fácil, mas não é, reconstruir toda a expectativa de vida, toda a visão de mundo que durante milênios foi de destruição e caos, de guerra e confrontos.

E, depois, há a mera compra dos terrenos, que no Espírito Santo são muito partidos, fragmentados até o ridículo, até quase o tamanho de lotes urbanos. Comprar de vários para dar as dimensões esperadas de um anel-hexágono será problemático, mas de qualquer forma o ser humano vive de resolver problemas.

Vitória, domingo, 15 de julho de 2007.

Nenhum comentário:

Postar um comentário