Inútil Afanássiev
Em seu livro Fundamentos da Filosofia, Moscou, Progresso, 1982 (sobre original
de 1978) V. G. Afanássiev diz na página 26:
“Em resultado disso, a história da sociedade
passou a ser interpretada não como aglomeração caótica de fenômenos, mas como
um processo natural necessário e lógico de substituição de métodos inferiores
de produção por métodos superiores; foi provado também que esta troca não é
algo casual, mas se realiza na base de leis objetivas que não dependem da vontade e da
consciência do homem”, negrito e itálico meus.
Daí eu ter colocado a inutilidade dele, pois
se não depende “da vontade e da consciência de” Afanássiev, o que ele está
fazendo filosofando? Só este livro tem 425 páginas de inutilidades, dado ele
não poder interferir nos métodos superiores sociais com sua aglomeração caótica
de fenômenos. E se não pode interferir é um idiota por estar tentando mesmo
assim, além de mentiroso, porque passa o tempo todo querendo demonstrar o
contrário do que acredita; e hipócrita ou fingido, pois prega uma coisa e
pratica outra.
Em todo caso, Afanássiev é contraditório.
Mas o indivíduo deve contar, pois Lênin
contou e Marx e Engels também, e antes Hegel, vários heróis do comunismo (que,
aliás, respeito). E tantos outros. Se houvesse apenas um lado, a superfície da
água no balde, o que a faria saltar e modificar-se, subir e transbordar das
margens ou contenções anteriores? O que provocaria as revoluções se o coletivo fosse
incontornavelmente dominante, sem a presença da palavra individual
revolucionária? A única explicação é que ora predomina o indivíduo libertador e
ora a coletividade castradora, ora a revolução e ora a conservação,
alternando-se em ritmo impreciso, no sentido de que não sabemos precisar ainda.
Seria interessante saber da vida de V. G., já
que há essa contradição notável de um indivíduo negando os indivíduos: se o
indivíduo não existe e não pode interferir, o que ele está tentando fazer? A
sociedade é justamente a média estatística da “aglomeração caótica de
fenômenos”.
Vitória, terça-feira, 24 de abril de 2007.
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