Encaixotando as Ondas
ou Que Vibração!
Dado que tudo é onda o tijolo é um caixote de
ondas, um paralelogramo de ondas; também são ondas o estuque, a tinta, as
janelas e seus encaixes, as telhas e seus suportes, os pisos e os granitos, as
pias e tudo mesmo que podemos ver, inclusive nós mesmos, inumerável quantidade
de ondas de todos os tipos e espécies vibrando sempre.
Embora estando ainda longe das possibilidades
já somos de fazer maravilhosos trabalhos de ourivesaria-de-ondas, por exemplo,
nas lombadas dos livros que vejo daqui – a humanidade avançou bastante ao longo
dos 11 milênios desde Jericó. Idealmente poderíamos (desde que soubéssemos
como; acredito que isso só seja possível a i, ELI, Elea, Ele-Ela,
Deus-Natureza, i não-finito) ver o universo vibrando unicamente como ondas.
Mas, se fizéssemos isso reduziríamos tudo à visão direta das ondas, não
distinguindo as formas, que são as visões macroscópicas da utilidade empacotada
dessas ondas.
Enfim, ou a forma ou a visão direta.
Você não pode ver ao mesmo tempo a forma
(macroscópica, renúncia à miudeza) e a onda (microscópica, anti-forma, conteúdo
direto, renúncia à grandeza). Os racionais não têm acesso às duas pontas AO
MESMO TEMPO; devem escolher uma coisa ou a outra. Ao olhar para uma onda, como
uma senoidal que represente o interior da matéria, não estamos vendo a onda
mesma, estamos vendo uma representação depositada sobre o macroscópico, o papel
ou a tela ou o que for.
Nós não lidamos sequer com o macroscópico:
não lidamos com estrelas, mas com reduções de estrelas. Estrelas são
diretamente incompreensíveis, assim como galáxias e o resto todo. Tudo que
vemos são reduções delas empacotadas por distâncias inconcebíveis que as
comprimem à altura do nosso médio-olhar. Não vemos nada que está para cima ou
para baixo, só vemos o que está no patamar dos nossos olhos. Não vemos as
estrelas mesmo, vemos reduções-de-estrelas, reduções-de-galáxias – reduções,
reduções, reduções. Não vemos a integridade da vaca, traduzimos tudo em nossa
capacidade-de-ver-vaca. Só i pode ver o universo vibrando na Dança de Shiva,
zilhões de objetos-onda entrando em contato com outros zilhões de objetos-onda.
Mas no meso-universo podemos encaixotar as
ondas segundo os preceitos da lógica boa ou ruim, num ou noutro extremo da Curva
do Sino da eficiência, ou na média.
E isso é muito bom, porque nos permite chegar
a muitas relações com todos esses objetos que aprendemos a confeccionar ou
construir.
Vitória, quinta-feira, 17 de maio de 2007.
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