E Aí, Meu Irmão?
Meu irmão mais velho AJG tinha 11 anos mais
que eu, dado ser de 1943 e eu de 1954; fomos para Linhares em 1963 e como já
contei despontou um mundo qualitativa e quantitativamente novo onde havia
incomparavelmente mais liberdade e identidade. Como fiquei lá até começo de
1971, vindo estudar no cursinho do Salesiano em Vitória, tal se deu
necessariamente dos nove aos 17, talvez na média, lá pelos meus 13 anos, quando
ele tinha 24 ou menos, tendo se casado pouco depois e saído da casa de papai e
mamãe para sua própria.
Ele saía do seu emprego, pegava a bicicleta
(isso foi antes do Fusquinha azul que comprou) e eu ia sentado na garupa
segurando as varas de pescar, as iscas de demais apetrechos. Por vezes
cavávamos as minhocas no destino, por vezes no quintal de casa. Íamos ao rio
Pequeno, nome popular linharense do rio São José (cujo comprimento é maior que
o aparente ligando-o da lagoa Juparanã ao rio Doce, pois deve ser contado todo
o comprimento dela mais uma parte acima – de fato a lagoa é uma criação do
pequeno rio; veja você como os pequenos são maiores do que em geral se
imagina!).
O RIO NÃO TÃO PEQUENO (de fato, é um dos
rios mais largos do mundo, embora não pareça, pois tem 3,6 km de largura no
ponto mais largo da lagoa; começa em cima na esquerda e deságua no rio Doce do
lado esquerdo da mancha urbana de Linhares)
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Pescávamos depois da olaria, perto desse
círculo, então não existente; eu não apreciava fortemente, mas ele era o irmão
mais velho e lá ia eu de carregador das varas de pescar. Ele levava as dele e
por deferência me dava qualquer uma roscofinha. Eu tentava imitar, mas minha
vontade estava na cultura, em ler e aprender. Não obstante, era bom. Fazia em
geral um calor infernal e por vezes eu tomava banho. Claro, ele ia para
arranjar alguma proteína para a família, então muito pobre, antes do posto de
gasolina.
Conto isso para lembrar que a vida de todos e
cada um está repleta de coisas boas, onde quer que estejamos e vivamos, em
qualquer tempo e espaço: basta sabermos ver. Quando sabemos podemos apreciar
com gratidão os momentos que vivemos, mesmo se então eles não nos pareceram tão
nobres.
Vitória, sexta-feira, 18 de maio de 2007.



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