quarta-feira, 8 de agosto de 2018


E Aí, Meu Irmão?

 

Meu irmão mais velho AJG tinha 11 anos mais que eu, dado ser de 1943 e eu de 1954; fomos para Linhares em 1963 e como já contei despontou um mundo qualitativa e quantitativamente novo onde havia incomparavelmente mais liberdade e identidade. Como fiquei lá até começo de 1971, vindo estudar no cursinho do Salesiano em Vitória, tal se deu necessariamente dos nove aos 17, talvez na média, lá pelos meus 13 anos, quando ele tinha 24 ou menos, tendo se casado pouco depois e saído da casa de papai e mamãe para sua própria.

Ele saía do seu emprego, pegava a bicicleta (isso foi antes do Fusquinha azul que comprou) e eu ia sentado na garupa segurando as varas de pescar, as iscas de demais apetrechos. Por vezes cavávamos as minhocas no destino, por vezes no quintal de casa. Íamos ao rio Pequeno, nome popular linharense do rio São José (cujo comprimento é maior que o aparente ligando-o da lagoa Juparanã ao rio Doce, pois deve ser contado todo o comprimento dela mais uma parte acima – de fato a lagoa é uma criação do pequeno rio; veja você como os pequenos são maiores do que em geral se imagina!).

O RIO NÃO TÃO PEQUENO (de fato, é um dos rios mais largos do mundo, embora não pareça, pois tem 3,6 km de largura no ponto mais largo da lagoa; começa em cima na esquerda e deságua no rio Doce do lado esquerdo da mancha urbana de Linhares)


Pescávamos depois da olaria, perto desse círculo, então não existente; eu não apreciava fortemente, mas ele era o irmão mais velho e lá ia eu de carregador das varas de pescar. Ele levava as dele e por deferência me dava qualquer uma roscofinha. Eu tentava imitar, mas minha vontade estava na cultura, em ler e aprender. Não obstante, era bom. Fazia em geral um calor infernal e por vezes eu tomava banho. Claro, ele ia para arranjar alguma proteína para a família, então muito pobre, antes do posto de gasolina.

Conto isso para lembrar que a vida de todos e cada um está repleta de coisas boas, onde quer que estejamos e vivamos, em qualquer tempo e espaço: basta sabermos ver. Quando sabemos podemos apreciar com gratidão os momentos que vivemos, mesmo se então eles não nos pareceram tão nobres.

Vitória, sexta-feira, 18 de maio de 2007.

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