sábado, 25 de agosto de 2018


Alugando a Mentira da Vizinha

 

Não resisto a contar que ao morar de dezembro de 1994 a dezembro de 1998 lá em Chácara Parreiral, Serra, no condomínio que depois ficou favelado a moça mãe do menino veio me oferecer o aluguel de um apartamento dela que vagaria por ela estar se casando em segundas núpcias. Eu disse que não, pois eram muitos livros (na época uns seis mil) e papéis em geral, custando demais arrumá-los nas estantes, se fosse por pouco tempo.

Ela garantiu que seria por anos a fio.

Pedi contrato, ela negou a necessidade, já que estaria casando definitivamente. Levei um mês e meio para nas folgas arrumar sozinho ou com ajuda eventual dos meus filhos visitantes (Gabriel, em geral) e ao fim de apenas três meses ela veio falar do fim do novo casamento, do desacerto que tinha sido; pediu o apartamento de volta, lembrei da promessa, que ela negou prontamente, dizendo nunca ter me prometido por anos.

As mulheres mentem, diz a Rede Cognata, e parece que as mães também. Em todo caso tive de mandar tudo para Linhares, onde foi estocado numa sala do posto de gasolina; as estantes ficaram corroídas e meu irmão as comprou, com esse dinheiro dando para eu adquirir um número menor de novas estantes; muitos livros devem ter sido roubados e com certeza várias coleções de revistas.

É preciso ter cuidado com promessas e as palavras ao vento. De fato, nem adiantava Juruna gravar as promessas dos políticos, pois nem assim eles reconheciam.
Vitória, domingo, 15 de julho de 2007.

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