A Porteira do Menino
Dá um clipe musical desde já famoso e muito
apreciado e, além disso, a entrada de um filme muito bom sobre o interior do
Brasil esta música.
Começa com uma grande abertura da fazenda lá
pelo interior de Minas Gerais, Mato Grosso ou Goiás, com grandes descampados, e
chega então ao menino, que é mostrado brincando, se divertindo até que pressente
a chegada do boiadeiro; muda então para a perspectiva deste, que é visto
chegando lentamente no passo manso e sem pressa do cavalo. Os dois se encontram
na porteira, que o menino abre pelo prazer, sendo recompensado pelas moedas da
amizade; o vaqueiro prossegue e assim repete em tempos cada vez mais curtos,
até que um dia a porteira está fechada, chegado a mulher chorando, e segue.
Naturalmente isso não foi feito ainda porque
há preconceito com a simplicidade por parte dos intelectuais brasileiros,
sempre propensos a filmar coisas complexas e ilustrativas, quer dizer,
pedagógicas, educativas do povo desde as alturas do pedestal em que as elites se
colocam em relação a seu povo.
Diz respeito a essa distância quase
intransponível entre a falsa nobreza e o povo brasileiro abandonado.
Vitória, domingo, 29 de abril de 2007.
O
MENINO DA PORTEIRA
O Menino Da Porteira
Sérgio Reis
Toda vez que eu viajava pela Estrada de Ouro
Fino
de longe eu avistava a figura de um menino que corria abrir a porteira e depois vinha me pedindo: - Toque o berrante seu moço que é pra mim ficar ouvindo. Quando a boiada passava e a poeira ia baixando, eu jogava uma moeda e ele saía pulando: - Obrigado boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhando pra aquele sertão à fora meu berrante ia tocando. Nos caminhos desta vida muitos espinhos encontrei, mas nenhum calou mais fundo do que isso que eu passei Na minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei Vendo a porteira fechada o menino não avistei. Apeei do meu cavalo e no ranchinho a beira chão Ví uma mulher chorando, quis saber qualé a razão - Boiadeiro veio tarde, veja a cruz no estradão! Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coração! Lá pras bandas de Ouro Fino levando gado selvagem quando passo na porteira até vejo a sua imagem O seu rangido tão triste mais parece uma mensagem Daquele rosto trigueiro desejando me boa viagem. A cruzinha no estradão do pensamento não sai Eu já fiz um juramento que não esqueço jamais Nem que meu gado estoure, e eu precise ir atrás Neste pedaço de chão berrante eu não toco mais. |
|
Monumento ao Menino da Porteira,
localizado na MG-290 na entrada principal da cidade de Ouro Fino.
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário