quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018


A Condenação de Descartes

 

Como vimos neste Livro 166 no artigo anterior Penso, Logo Insisto Descartes ao escolher a frase incompleta COGITO, ERGO SUM (penso, logo existo) em vez de EU PENSO, LOGO EXISTO deu precedência ao pensar e à intelectualidade.

Pois o EU deve estar no não-finito tanto quanto depois se manifesta no finito, como na Bíblia, em que Deus diz: EU SOU. Pois o eu não pode ser composto de coisas transitórias, como as matérias e energias agregadas e desagregadas nas fezes e na urina – o que passa. Não é o braço perdido num acidente, nem a perna amputada por gangrenada, nem a parte do nariz tirada na cirurgia plástica. Não deve ser a mente a que nos referimos como “minha mente”, nem o braço, nem o estômago, nem nada adendado, acrescentado. O EU é o permanente, o persistente, o que existe como autodenominação, o que se mostra como vontade, já existindo desde as amebas e algas cianofíceas, algas azuis do começo da Vida na Terra, desde o primeiro replicador, desde o feto, desde a reunião do espermatozóide ao óvulo como espermatóvulo. Já era aquilo que iria crescer indefinidamente, a menos de terminação súbita e geral. O EU já estava em potência desde os primórdios, desde o começo, esperando a montagem minimax necessária-suficiente do ADRN de forma a ter suporte PARA SER, para si. O SER é tão antigo quanto o pluriverso, isto é, existe de sempre para sempre. É da mesma ordem de grandeza indefinida do par polar finito/não-finito.

Então, Descartes estava errado ao dar precedência aos intelectuais e assim condenar implicitamente os não-letrados, os incapazes de “pensar”, o povo, os pobres, os despossuídos. Ele inaugurou “inadvertidamente” o domínio intelectual dos próximos 400 anos (1596 a 1950, meio-de-vida em 1623 + 400 = 2023), mas também fez muito pelo fim das trevas.

Pois ficou parecendo que só poderia existir quem pensasse e que quem não pensasse não existiria: penso, PORTANTO existo. Penso, e porque sou capaz de pensar existo.

Vitória, sexta-feira, 12 de maio de 2006.

 

DESCARTES (não pense que ele era “um qualquer”, foi um grande cara)

Descartes, René (1596-1650), filósofo francês, cientista e matemático. É também muito conhecido pelo nome em latim, Renatus Cartesius. Pode ser considerado o fundador da filosofia moderna por ter rompido com a predominância da escolástica e fundado seu próprio sistema de pensamento. Microsoft ® Encarta ® Encyclopedia 2002. © 1993-2001 Microsoft Corporation. Todos os direitos reservados.

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