A Condenação de
Descartes
Como vimos neste Livro 166 no artigo
anterior Penso, Logo Insisto
Descartes ao escolher a frase incompleta COGITO, ERGO SUM (penso, logo existo) em
vez de EU PENSO, LOGO EXISTO deu precedência ao pensar e à intelectualidade.
Pois o EU deve estar no não-finito
tanto quanto depois se manifesta no finito, como na Bíblia, em que Deus diz: EU
SOU. Pois o eu não pode ser composto de coisas transitórias, como as matérias e
energias agregadas e desagregadas nas fezes e na urina – o que passa. Não é o
braço perdido num acidente, nem a perna amputada por gangrenada, nem a parte do
nariz tirada na cirurgia plástica. Não deve ser a mente a que nos referimos
como “minha mente”, nem o braço, nem o estômago, nem nada adendado,
acrescentado. O EU é o permanente, o persistente, o que existe como
autodenominação, o que se mostra como vontade, já existindo desde as amebas e
algas cianofíceas, algas azuis do começo da Vida na Terra, desde o primeiro
replicador, desde o feto, desde a reunião do espermatozóide ao óvulo como
espermatóvulo. Já era aquilo que iria crescer indefinidamente, a menos de
terminação súbita e geral. O EU já estava em potência desde os primórdios,
desde o começo, esperando a montagem minimax necessária-suficiente do ADRN de
forma a ter suporte PARA SER, para si. O SER é tão antigo quanto o pluriverso,
isto é, existe de sempre para sempre. É da mesma ordem de grandeza indefinida
do par polar finito/não-finito.
Então, Descartes estava errado ao dar
precedência aos intelectuais e assim condenar implicitamente os não-letrados,
os incapazes de “pensar”, o povo, os pobres, os despossuídos. Ele inaugurou
“inadvertidamente” o domínio intelectual dos próximos 400 anos (1596 a 1950,
meio-de-vida em 1623 + 400 = 2023), mas também fez muito pelo fim das trevas.
Pois ficou parecendo que só poderia
existir quem pensasse e que quem não pensasse não existiria: penso, PORTANTO
existo. Penso, e porque sou capaz de pensar existo.
Vitória, sexta-feira, 12 de maio de
2006.
DESCARTES (não pense que ele era “um qualquer”,
foi um grande cara)
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Descartes, René (1596-1650),
filósofo francês, cientista e matemático. É também muito conhecido pelo nome
em latim, Renatus Cartesius. Pode ser considerado o fundador da filosofia
moderna por ter rompido com a predominância da escolástica e fundado seu
próprio sistema de pensamento. Microsoft
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