O Idiota do Oscar
Oscar era engenheiro de Juiz de Fora,
Minas Gerais; fez concurso público para fiscal no Espírito Santo, passou e foi
junto com nossa turma de 25 para Linhares, norte do estado. Lá trabalhávamos
ele e eu e outros na “volante” a pé e de carro, fusquinha velho, fiscais
circulando pela cidade.
O Oscar implicava comigo, ele me
achava muito feio, com aquela delicadeza toda que tinha; uma vez pediu uma
fotografia (dei uma 3 x 4 “para espantar mosquitos”, dizia; o Oscar era de uma
crueldade refinada, como podem ser os humanos) para levar a Lavínia, sua esposa
(que, para implicar em resposta eu chamava de “A Máquina de Lavar”).
Vivia reclamando que tinha deixado a
esposa e os filhos em Juiz de Fora, queria estar mais perto; pedi a meu irmão
mais velho, AJG, que era maçom, para agir lá junto dos “irmãos” e ele conseguiu
a transferência do Oscar para Vitória. Ele nunca soube como aconteceu, achava
que era “sorte”. “Puxa, que sorte, eu fui exatamente para onde queria ir”.
Tempos depois encontrei o Oscar na
capital, porque eu tinha vindo para o Sindifiscal. O Oscar continuava
insatisfeito, queria ir para a divisa com o Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde
ficaria mais próximo da família. Novamente pedi ao meu irmão, com o mesmo
resultado, o Oscar tendo sido re-transferido para Bom Jesus do Norte ou algo
assim. Também nunca soube disso: “puxa, a sorte de novo, vire e mexe ela vive
me pegando”.
O Oscar nunca soube de muitas coisas.
O Oscar era um idiota.
Todos nós somos idiotas em alguma
medida, porque não sabemos quem ou o quê está nos ajudando, as coincidências ou
os anjos de Deus, como você queira acreditar.
A diferença toda é que alguns de nós,
idiotas, mesmo sem saber ainda assim agradecemos. Sem falar que alguns de nós
não implicamos com os outros nem nos sentimos superiores. Não é tão mais
tranqüilo viver assim?
Vitória, sexta-feira, 28 de julho de
2006.
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