Céu, Utopia e Utópico
No livro citado A Fabricação da Ciência, São Paulo, UNESP, 1994 (sobre original
francês de 1990), Alan Chalmers diz: “Para serem úteis, e não fúteis, as metas
não podem ser utópicas. Devem ser tais que se possa constatar um avanço em sua
realização. E há mais: saber se a meta é ou não utópica é algo que só se
aprende na prática”.
Com isso, de pronto, ele eliminaria
quase tudo de grandioso que a humanidade conseguiu. Colocar utopias, pelo
contrário, é fundamental: se não chegar ao extremo pelo menos com o que se
conseguiu já se terá feito mais do que se tivéssemos mirado somente o medíocre,
o alcançável segundo os julgamentos simples. É assim que os iluminados agem:
colocam metas super-humanas jamais atingíveis. O que sobra é a humanidade muito
além do que ela teria conseguido sozinha.
UTÓPICO
[De utopia + -ico2.] Adj. 1.
Relativo a utopia. 2. Que encerra utopia; irrealizável, quimérico.
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UTOPIA
[Do lat. mod. utopia < gr. o oÏ,
'não', + gr. tópos, 'lugar', + gr. -ía, (v. -ia1).]
S. f. 1. País imaginário, criação de
Thomas Morus (1480-1535), escritor inglês, onde um governo, organizado da
melhor maneira, proporciona ótimas condições de vida a um povo equilibrado e
feliz. 2. P. ext. Descrição ou representação
de qualquer lugar ou situação ideais onde vigorem normas e/ou instituições
políticas altamente aperfeiçoadas. 3. P. ext.
Projeto irrealizável; quimera; fantasia.
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CÉU
[Do lat. caelu.] S. m. 1. Espaço
ilimitado e indefinido onde se movem os astros. 2. O espaço acima de nossas
cabeças, limitado pelo horizonte; firmamento. 3. V. atmosfera (3). 4. A parte
superior de uma armação; dossel, sobrecéu. 5. Região
para onde, segundo as crenças religiosas, vão as almas dos justos. 6.
Qualquer lugar onde se possa ser feliz; paraíso. 7. Fig. A Providência; Deus.
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Ademais, olhemos usando a Rede
Cognata:
Eva
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Adão
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Cristo
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CÉU
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UTOPIA
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UTÓPICO
|
C
= ORÁCULO
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COMUM
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COSTELA
|
CÍRCULO
|
ETERNO
|
ELEMENTO
|
ÚTERO
|
CORPO
|
GOSTO
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Parece que há um alinhamento dos três
elementos.
Se acabar com o utópico acaba com
metade do gosto da vida, porque só sobra o pessoal sisudo, muito controlado,
que nunca vibra com nada; resta o pessoal mecânico, repetitivo, da paixão
burocrática, do descomedimento metrificado. Acaba o Céu e finda a utopia. Ser
utópico não quer dizer ser exagerado e destrambelhado, pois a utopia é
sinceridade, crença autêntica, não é invencionice.
Vitória, domingo, 23 de julho de 2006.
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