domingo, 31 de julho de 2016


Paiaço e Mãezona

 

Meu filho insistiu seis anos em ter um cachorro em apartamento, pegou logo um labrador que com 12 meses estava com 45 kg; e Pink nose, nariz rosa recessivo, dá um trabalhão de doido. Já contei as peripécias dele e os custos do amor em cifrões brasileiros, uns 400 por mês com ração especial hipoalergênica de R$ 350 que dura mês e meio, fora as outras comidas, remédios somados, vacinas, intervenções (o amigo PACOS e a esposa K gastaram 3,0 mil com a cadela, para ela morrer no dia seguinte, era muito nobre) – e TODO DIA tem de tratar, escovar ou coçar, colocar semanalmente remédio na orelha e nas feridas, colocar o anti-carrapato (teve infestação que durou dois meses, quase ficamos loucos). Ele pisa nos meus pés (como é que consegue isso, andando paralelo, é algo a pensar), rodeia por trás (tenho de virar para ficar certo), a porta do elevador mordeu o rabo dele - que sangrou na casa. Há os banhos, uma vez só por mês, demora quase uma hora para secar as três camadas de pelo. Estou com ele há 10,5 anos, o filho foi e o Silas ficou, já disse quanto sou apaixonado por esses quatro filhos, uma menina e um menino humanos, uma gata persa e um cachorro labrador. Aprendi à bessa observando Silas e Yuki, mudei minhas concepções, meu programa exponencializou.

Supondo pela ordem de grandeza os 100 bilhões estimados nascidos humanos, metade dos quais tendo tido tempo de casar, metade dos quais tendo tido filhos (redução drástica que conserta as possíveis superestimativas), ficamos com 12,5 bilhões de pares, vamos arredondar para 10 bilhões de casais com filhos.

Vendo o trabalho que genericamente os filhos dão (os meus deram relativamente pouco), podemos pensar na pressão exercida pela Natureza para implantar em nós a necessidade de tê-los. Ninguém investigou isso, nem os biólogos-p.2, nem os psicólogos-p.3, nem em pensamento nem em testes de campo. Por que os paiaços e as mãezonas se candidatam a isso? Alguém vai dizer que foi a necessidade sexual, mas o ser humano já encontrou solução para muitos problemas, não seria a gravidez potencial que nos deteria, se tivéssemos empenho. Dizer que foi somente a perpetuação da espécie é coisa de agora.

Enfim, Deus-i-Natureza colocou as travas, uma infinidade delas, que nos subjugam e submetem.

Por que N, a moça que trabalha comigo há treze anos pelo salário mínimo (com facilidades características que dou) e vantagens, aceita (dois ônibus na vinda, dois na volta) vir limpar a casa, passar roupa, raramente fazer comida, arrumar os livros quando das mudanças e tudo que ela faz? Não é só a sobrevivência física, poderíamos ter desenvolvido os seres humanos que vivessem com bem pouco ou vidas mais longas.

Em resumo, acho que maiormente é isto: inquietação prospectiva [um cérebro grande demais; nos da Vida geral (arquea, fungos, plantas, animais e primatas) há menos capacidade de contestação racional], língua, falar (até mesmo através da mídia toda e das tecnartes), comunicar percepções (inclusive rir), a razão é a grande armadilha. E são crianças tolas-espertas, são controláveis (se elas nascessem adultas seriam rapidamente hostilizadas).

São dependências amplamente não explicadas.

Vitória, sexta-feira, 24 de junho de 2016.

GAVA.

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