quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018


O Mundo Menos Competitivo dos Milhões de Ilhas

 

Em O Mundo dos Milhões de ilhas você deve visualizar esta nossa Terra (repartida arbitrariamente em sete continentes e uns tantos arquipélagos e ilhas isoladas) como outro mundo, em que estavam em formação, tomando forma, essas massas continentais que vemos agora e estão nas cabeças de todos.

Só poderemos ver os novos desenhos na medida em que brotarem os zilhões de dados de campo coletados e passados pelos superclusteres, os superaglomerados de superprogramáquinas que vão alinhá-los em 273 globos-mapas terrestres por milhão de ano.

Pense numa ilha em clímax: fora os pássaros que transitam para lá e para cá em liberdade, os predadores estão em equilíbrio de balança com as presas – se comem demais, morrem na geração seguinte, se comem de menos nascem mais dos carnívoros e o equilíbrio retorna. Se, por acaso, algum par macho-fêmea de predadores consegue nadar para a ilha seguinte, lá não há do seu tipo e eles podem se fartar e sua família por se multiplicar até o novo equilíbrio, de modo que ilhas são muito estáveis, ao contrário dos continentes ou grandes massas de terra, onde os caçadores se multiplicam sem limite e começam a comer uns aos outros. Pense nas ilhas a que Darwin chegou nas Galápagos, onde encontrou pássaros muito assemelhados, mutações muito pequenas.

Quanto menor for uma ilha, tanto menor será a variabilidade e mais paz haverá alí. Em termos evolutivos é a paz dos cemitérios, mas em termos de sossego é placidez, é tranquilidade, é a comunidade do interior, poucos avanços (que, também, levam ao quê?), grandes papos das comadres tricotadeiras nos bancos das praças nas tardes sonolentas.

Milhões de anos de mormaço.

Quer melhor que isso?

As pessoas que só pensam nos grandes alcances e avanços se sentem derrotadas, aborrecidas porque tudo fica, dez mil anos depois, muito semelhante a dez mil anos antes. Questão de ponto de vista.

Em todo caso, em 273 milhões de anos durante percentual grande foi assim, aquela pasmaceira deliciosa, voa para lá e voa para cá, pasta aqui e pasta acolá, um meteorito cai (lembre-se, são 2,5 mil em 26 milhões de anos), o céu queima, a Terra se rearranja e tudo volta à paz sossegadíssima.

Mundo delicioso para se viver.

Milhões de gerações viveram desse modo perfeito, até surgirem os furiosos dinos carnívoros cheios de fome e ira (muito parecidos com os humanos).

Vitória, quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018.

GAVA.

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