O
Mundo Menos Competitivo dos Milhões de Ilhas
Em O
Mundo dos Milhões de ilhas você deve visualizar esta nossa Terra (repartida
arbitrariamente em sete continentes e uns tantos arquipélagos e ilhas isoladas)
como outro mundo, em que estavam em formação, tomando forma, essas massas
continentais que vemos agora e estão nas cabeças de todos.
Só poderemos ver os novos desenhos na medida
em que brotarem os zilhões de dados de campo coletados e passados pelos
superclusteres, os superaglomerados de superprogramáquinas que vão alinhá-los
em 273 globos-mapas terrestres por milhão de ano.
Pense numa ilha em clímax: fora os pássaros
que transitam para lá e para cá em liberdade, os predadores estão em equilíbrio
de balança com as presas – se comem demais, morrem na geração seguinte, se
comem de menos nascem mais dos carnívoros e o equilíbrio retorna. Se, por
acaso, algum par macho-fêmea de predadores consegue nadar para a ilha seguinte,
lá não há do seu tipo e eles podem se fartar e sua família por se multiplicar
até o novo equilíbrio, de modo que ilhas são muito estáveis, ao contrário dos
continentes ou grandes massas de terra, onde os caçadores se multiplicam sem
limite e começam a comer uns aos outros. Pense nas ilhas a que Darwin chegou
nas Galápagos, onde encontrou pássaros muito assemelhados, mutações muito
pequenas.
Quanto menor for uma ilha, tanto menor será a
variabilidade e mais paz haverá alí. Em termos evolutivos é a paz dos
cemitérios, mas em termos de sossego é placidez, é tranquilidade, é a
comunidade do interior, poucos avanços (que, também, levam ao quê?), grandes
papos das comadres tricotadeiras nos bancos das praças nas tardes sonolentas.
Milhões de anos de mormaço.
Quer melhor que isso?
As pessoas que só pensam nos grandes alcances
e avanços se sentem derrotadas, aborrecidas porque tudo fica, dez mil anos
depois, muito semelhante a dez mil anos antes. Questão de ponto de vista.
Em todo caso, em 273 milhões de anos durante percentual
grande foi assim, aquela pasmaceira deliciosa, voa para lá e voa para cá, pasta
aqui e pasta acolá, um meteorito cai (lembre-se, são 2,5 mil em 26 milhões de
anos), o céu queima, a Terra se rearranja e tudo volta à paz sossegadíssima.
Mundo delicioso para se viver.
Milhões de gerações viveram desse modo
perfeito, até surgirem os furiosos dinos carnívoros cheios de fome e ira (muito
parecidos com os humanos).
Vitória, quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018.
GAVA.
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