domingo, 25 de fevereiro de 2018


Antônia Olha para Trás

 

Tia Antônia Perim Friço é irmã de mamãe, que era de 1924, morreu com 79 anos; como a tia é de antes do tio Theodomiro, nascido antes de mamãe, deve ser de 1922, agora com 84 anos ou mais. O marido dela, Otávio Friço, morreu faz alguns anos.

Ao todo, de Benevenuto Perim e Estefânia Grilo Perim nasceram 14, dos quais 13 viveram, tendo morrido até agora Ida, a mais velha, mamãe e tio Kid, Quidinho, Euclides.

ANTÔNIA + OTÁVIO

1.       Osmar, chamado Mapa;

2.       Odimar João (apelidado Manelão);

3.      José (denominado Zeca, formado);

4.      Imaculada (apelidada Neném);

5.      Antônio, o Toninho, nosso companheiro de brincadeiras de infância;

6.      Maria;

7.       Rita (formada em medicina);

8.      E a temporão, Andressa, que a tia carregava no colo até bem tarde, dizem que 13 anos.

Viveu sempre o casal em Burarama, distrito de Cachoeiro de Itapemirim, de início junto aos pais dela, meus avós, mais para cima da casa, depois na “casa grande”, porque era grande para nós, crianças.

VIDA DISTRI-TAL


Naturalmente todo tipo de tarefa ela fazia, vida de roça. E era atenciosa conosco, ria muito, nos acolhia, lembro-me sempre dela quando estou coando café na coador de pano, porque era assim que ela fazia com um bule grande e enorme coador pendurado num aro, este numa haste.

Por todo o mundo milhares, centenas de milhares, centenas de milhões de mães foram como ela, mais ou menos. O que essas mães dedicadas sentem ao olhar para trás à beira da morte?

Nunca ninguém se voltou para elas para perguntar.

Nunca um sociólogo se interessou em saber, em fazer as entrevistas, em pesquisar, em aprofundar-se sem levar em conta preciosas teses “revolucionárias” que projetem o fulano no mundo e na mídia. Houve algum que fosse ouvir as velhinhas sobre suas tarefas na construção do mundo? Não houve, claro que não, eles se preocupam com presidentes e as “grandes obras”.

As coisas interessantes escapam-lhes.

O que tia Antônia pensa olhando para seus 80 anos de trabalho? Sim, porque na roça começavam bem cedo, aos quatro ou cinco ou seis anos e não paravam mais.

Não é tão fino esse vinho ainda guardado? Paladares mais apurados esperam por ele.

Vitória, segunda-feira, 17 de julho de 2006.

Nenhum comentário:

Postar um comentário