Três Perguntas a
Fabíola Truci
Esteve na ARE-Vitória para tirar nota fiscal
avulsa a FT, moça alta e muito bela, além de refinada e educada do Centro de
Comércio do Café de Vitória, na Enseada do Suá. Trabalha com artes visuais, em
particular quadros que queria enviar aos remetentes de outros estados.
No tempo curto em que cuidamos das NFA
fiz-lhes as perguntas:
1. Se há alguma forma de
detectar em qualquer massa ambiental (cidade-município, estado, nação, planeta
por extensão), por meio de algum índice, a pré-anunciação da aglutinação
artística (de qualquer uma das 22 tecnartes, eu não disse, porque não houve
tempo) que leva das trivialidades provincianas às grandes manifestações e em
especial se o Espírito Santo e a Grande Vitória estavam passando por isso? Ela afirmou
que sim com adendos interessantes;
2. Se a queda
magicamente anunciada na Bíblia logo no princípio da Criação pela infidelidade a
Deus do par-fundamental Adão-Eva, relativa ao segredo das confissões
necessárias não significavam afinal de contas a ruína das relações homem-mulher
(e no geral pais-filhos com mães-mulheres), quer dizer, se a necessidade de
segredo não é esse afastamento que impede a felicidade? Ela concordou;
3. E se isso,
significando tal distanciamento, não tornava as relações homem-mulher menos
especiais, proveitosas e deleitosas ou agradáveis do que poderiam enormemente
ser? Ela disse com entusiasmo que sim, denotando para mim quantas feridas essa
separação pelos desnecessários segredos causa ao coletivo e aos indivíduos.
Não foi com essas palavras exatas, claro.
Você pode pensar que a complexidade inerente
das perguntas de qualquer jeito a embaraçaria e faria sempre responder que
“sim”, mas não foi o caso, ela é esperta à bessa e não se enredou nos níveis
sucessivos das questões.
Vi nisso a bela capacidade que têm as pessoas
de quando argüidas em profundidade responderem à altura com argúcia e, principalmente,
nobreza de propósitos que a gente pode seguir nas palavras e nos trejeitos, no
despontar dessa sinceridade que a falta de preconceitos - da autoproteção segredante
- traz à tona.
Espanta ver como perguntas diretas levam a
respostas diretas entre duas pessoas que nunca haviam se visto antes nem muito
menos conversado de qualquer modo. É auspicioso pensar no que seria esse mundo
sem segredos nem auto-contrações, e sem diminuições indevidas de parte-a-parte.
As pessoas sofrem com essa falsa necessidade de se autoprotegerem, umas
desconfianças levando a outras: mas onde começou isso tudo?
Vitória, quarta-feira, 22 de agosto de 2007.
José Augusto Gava.
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