domingo, 9 de setembro de 2018


Três Perguntas a Fabíola Truci

 

Esteve na ARE-Vitória para tirar nota fiscal avulsa a FT, moça alta e muito bela, além de refinada e educada do Centro de Comércio do Café de Vitória, na Enseada do Suá. Trabalha com artes visuais, em particular quadros que queria enviar aos remetentes de outros estados.

No tempo curto em que cuidamos das NFA fiz-lhes as perguntas:

1.       Se há alguma forma de detectar em qualquer massa ambiental (cidade-município, estado, nação, planeta por extensão), por meio de algum índice, a pré-anunciação da aglutinação artística (de qualquer uma das 22 tecnartes, eu não disse, porque não houve tempo) que leva das trivialidades provincianas às grandes manifestações e em especial se o Espírito Santo e a Grande Vitória estavam passando por isso? Ela afirmou que sim com adendos interessantes;

2.       Se a queda magicamente anunciada na Bíblia logo no princípio da Criação pela infidelidade a Deus do par-fundamental Adão-Eva, relativa ao segredo das confissões necessárias não significavam afinal de contas a ruína das relações homem-mulher (e no geral pais-filhos com mães-mulheres), quer dizer, se a necessidade de segredo não é esse afastamento que impede a felicidade? Ela concordou;

3.      E se isso, significando tal distanciamento, não tornava as relações homem-mulher menos especiais, proveitosas e deleitosas ou agradáveis do que poderiam enormemente ser? Ela disse com entusiasmo que sim, denotando para mim quantas feridas essa separação pelos desnecessários segredos causa ao coletivo e aos indivíduos.

Não foi com essas palavras exatas, claro.

Você pode pensar que a complexidade inerente das perguntas de qualquer jeito a embaraçaria e faria sempre responder que “sim”, mas não foi o caso, ela é esperta à bessa e não se enredou nos níveis sucessivos das questões.

Vi nisso a bela capacidade que têm as pessoas de quando argüidas em profundidade responderem à altura com argúcia e, principalmente, nobreza de propósitos que a gente pode seguir nas palavras e nos trejeitos, no despontar dessa sinceridade que a falta de preconceitos - da autoproteção segredante - traz à tona.

Espanta ver como perguntas diretas levam a respostas diretas entre duas pessoas que nunca haviam se visto antes nem muito menos conversado de qualquer modo. É auspicioso pensar no que seria esse mundo sem segredos nem auto-contrações, e sem diminuições indevidas de parte-a-parte. As pessoas sofrem com essa falsa necessidade de se autoprotegerem, umas desconfianças levando a outras: mas onde começou isso tudo?

Vitória, quarta-feira, 22 de agosto de 2007.

José Augusto Gava.

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