quarta-feira, 26 de setembro de 2018


Livramento e Ação de Graça

 

Não houve ninguém para me ilustrar, dar lustre (na realidade, elucidar), civilizar, tive de aprender por conta própria, lendo e observando, absorvendo. Fui escolhendo em cada bifurcação conforme andava. Só muito adiante fui identificar o orgulho (beleza, fama, poder, riqueza) ou vaidade como fonte dos males.

Há agora bilhões de ofertas, parte delas nos meios de transporte (carros, motos, barcos, aviões, helicópteros) e todo meio de iludir: você chega a um deles, um meio, logo perde o interesse, indo em busca do maior, do mais brilhante, do mais aparatoso, do maior destaque social. E há objetos, esses de fato bilhões, que nem em um milhão de vidas seria possível comprar tantos. Motocicletas espantosas em potência, ruído, velocidade, resistência, beleza, impacto, aceleração, é mesmo de cair o queixo; até a próxima, ainda mais alumbrante, mais portentosa, mais graciosa, mais tudo. O ritmo de ofertas de motos só faz aumentar, no Brasil e em toda parte, desde as “cinquentinhas”, com 50 cc, até as monstruosas, tão potentes quanto carros ou mais.

Seria interessante alguém fazer livro (de Web, livro de papel não comportaria) de todas as ofertas que o mundo faz. Casas, roupas, joias, bijuterias, creio não haver na Terra qualquer uma pessoa capaz de apontar sequer um milésimo de um porcento de tudo que é oferecido.

Felizmente, conforme andava, deixei de lado todas essas coisas, atendo-me aos livros e, desde 1995 no Brasil, à Internet para as buscas rápidas (agora contaminadas pela fake-news), graças a Deus tomei as decisões certas.

Fiquei livre de tantas coisas!

Agora vejo como foi bom não ter quase nada, exceto essas coisas fantásticas que são os livros, os discos, os filmes.

Assim, desassistido dessas imensidões do mundo contemporâneo e pós-contemporâneo, pude concentrar meus recursos em algo relevante e prestar com eles ação de graça, ação gratuita. Foi bom, foi maravilhoso, foi no susto, ninguém me preveniu (fora algum toque de Deus aqui e acolá), ninguém ajudou nisso, foi por acaso, poderia ter tropeçado e caído no barranco à esquerda ou à direita.

Muito agradecido.

Vitória, quarta-feira, 26 de setembro de 2018.

GAVA.

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