O Presente como
Separação
Ao longo dos anos fui percebendo que não
gosto de dar nem de receber presentes, por exemplo, os de aniversário; não é
miserabilidade, sou irritantemente contra isso.
Fora estarem no presente-tempo os índices de
separação das classes, sexuais, raciais e outros o presentear em si é um ato de
separação, digamos entre os que podem dar coisas mais caras e apenas mais
baratas: nisso é índice de exclusão social. Depois, ritualiza, torna-se
mecânico, sem qualquer alma ou espontaneidade.
PRESENTES
AUSENTES
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Da parte de quem dá pode constituir mentira,
na medida em que as pessoas “por delicadeza” tiram os preços, para ocultar
serem eles pequenos. Pode indicar tentativa de suplantação do outro amigo,
querendo-se estar mais próximo. Da parte de quem recebe pode haver zanga por
receber presente de pouco valor ou inadequado ou por isso ou por aquilo, a
lista seria grande.
Seria melhor irmos ou virem só pela alegria.
Que não tem preço, não é etiquetada.
Pela festa, pela exultação, pelo brilho.
Claro, o comércio e as indústrias pensam
diferente, querem vender. Seria melhor fazer um agrado cuidadoso em qualquer
dia do ano, num impulso verdadeiro de agradecimento, com o pensamento voltado
para a amizade. Acho até que isso até deveria ser ensinado nas escolas, o
escolher bem quando houvesse o sentido da sinceridade, da não-obrigação.
Vitória, domingo, 12 de agosto de 2007.
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