domingo, 25 de junho de 2017


A Guerra pelo Presente

 

                            Além de a Rede Cognata mostrar que passado = PRESENTE = FUTURO, vimos que o presente é o local do espaço e da geografia, isto é, não existe geografia do passado – porque a geografia é sempre a do presente e é onde nos reconhecemos pensando e trazendo o passado e o futuro ao nosso encontro, isto é, puxando o passado-história com seus sucessivos planos pseudogeográficos - reinterpretando as mortes e as aptidões – para nós e modelando o futuro para que se nos assemelhe,  excluindo os outros, como é feito na ficção científica, na fantasia e nas tecnartes todas.

                            Não existe geografia-do-passado. Todos os supostos espaços geográficos que vemos na história NÃO SÃO REALIDADE, são invenções dos que inventam pelos vencedores. Do mesmo modo como não existe história-do-presente, pois o hoje é inconquistável pela história, ainda está sendo moldado, diminuído para caber nas memórias que estarão (amortecidas) no futuro, no amanhã. Quer dizer, a geografia, o espaço, o presente ainda deve ser reduzido para caberem no ontem. Precisam ser apequenados pelos historiadores. Há uma TRANS-LITERAÇÃO e uma TRANS-IMAGINAÇÃO, indo além das palavras e além das imagens, comprimindo-as para caberem nos sucessivos passados apossados pelas elites, dado que o povo não consegue guardar toda memória. Assim, nascem DUAS MEMÓRIAS, a memória-das-elites, que é a história, sempre corrompida, e a memória-do-povo, que renega a primeira esquecendo-a. Desse modo, fazer história É FAZER OPRESSÃO DO POVO, é oprimi-lo e é comprimi-lo – mais ou menos, mas sempre abatê-lo e apertá-lo. Como se trata de psicologia os historiadores, sendo psicólogos, são psicólogos-do-tempo (e os geógrafos psicólogos-do-espaço) especializados em subverter o tempo, em suprimir o tempo do povo, por via da soma zero aumentando o das elites. Desse modo, a história atual, sendo história da classe dominante, é supressão BURGUESA do tempo: só fica no tempo os que a Burguesia geral tolera.

                            Trava-se sobre a linha do presente uma guerra sem tréguas em que normalmente o povo é derrotado, mas cada vez menos quanto mais caminhamos para frente. Assim como a história é a geografia-aberrante, onde existem falsos espaços ou presentes ou geografias, a geografia é a história deformada, isto é, o PERIGOSO ESPAÇO DO FAZER, atualíssimo e competitivo, em guerra.

                            Vitória, segunda-feira, 14 de junho de 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário