A Guerra pelo
Presente
Além de a Rede
Cognata mostrar que passado = PRESENTE = FUTURO, vimos que o presente é o local
do espaço e da geografia, isto é, não existe geografia do passado – porque a
geografia é sempre a do presente e é onde nos reconhecemos pensando e trazendo
o passado e o futuro ao nosso encontro, isto é, puxando o passado-história com
seus sucessivos planos pseudogeográficos - reinterpretando as mortes e as aptidões
– para nós e modelando o futuro para que se nos assemelhe, excluindo os outros, como é feito na ficção
científica, na fantasia e nas tecnartes todas.
Não existe
geografia-do-passado. Todos os supostos espaços geográficos que vemos na
história NÃO SÃO REALIDADE, são invenções dos que inventam pelos vencedores. Do
mesmo modo como não existe história-do-presente, pois o hoje é inconquistável
pela história, ainda está sendo moldado, diminuído para caber nas memórias que
estarão (amortecidas) no futuro, no amanhã. Quer dizer, a geografia, o espaço, o
presente ainda deve ser reduzido para caberem no ontem. Precisam ser
apequenados pelos historiadores. Há uma TRANS-LITERAÇÃO e uma TRANS-IMAGINAÇÃO,
indo além das palavras e além das imagens, comprimindo-as para caberem nos
sucessivos passados apossados pelas elites, dado que o povo não consegue
guardar toda memória. Assim, nascem DUAS MEMÓRIAS, a memória-das-elites, que é
a história, sempre corrompida, e a memória-do-povo, que renega a primeira
esquecendo-a. Desse modo, fazer história É FAZER OPRESSÃO DO POVO, é oprimi-lo
e é comprimi-lo – mais ou menos, mas sempre abatê-lo e apertá-lo. Como se trata
de psicologia os historiadores, sendo psicólogos, são psicólogos-do-tempo (e os
geógrafos psicólogos-do-espaço) especializados em subverter o tempo, em
suprimir o tempo do povo, por via da soma zero aumentando o das elites. Desse
modo, a história atual, sendo história da classe dominante, é supressão
BURGUESA do tempo: só fica no tempo os que a Burguesia geral tolera.
Trava-se sobre a
linha do presente uma guerra sem tréguas em que normalmente o povo é derrotado,
mas cada vez menos quanto mais caminhamos para frente. Assim como a história é
a geografia-aberrante, onde existem falsos espaços ou presentes ou geografias,
a geografia é a história deformada, isto é, o PERIGOSO ESPAÇO DO FAZER, atualíssimo
e competitivo, em guerra.
Vitória,
segunda-feira, 14 de junho de 2004.
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