As Duas Prisões do
Gênio
O que faz o gênio
quando não está servindo à população? Penso que fica em seu escritório dentro
da garrafa digitando em seu programáquina genial, servindo a si mesmo,
procurando compreender o universo. Fica organizando o caos para si mesmo e
quando sai vai organizar a ordem para outros, isto é, satisfazer desejos.
Porisso o gênio é duplamente prisioneiro: 1º) de si mesmo, porque estando acima
da média MUITOS problemas o visitam procurando encontrar a porta da solução;
2º) dos desejos alheios que é obrigado a atender, por consideração ou regra da
profissão.
Pensando que há uma
quantidade de gente que pode gerar média oscilante conforme nasçam ou morram
estes ou aqueles, gênio é todo aquele que se situando acima da média é doador aos
receptores. Estatística ou teoricamente é isso, quer dizer, qualitativa ou
conceitualmente. Na prática gênio é todo aquele que cria, mesmo o que re-cria o
que em outras partes já é sabido (porisso existem os segundos-gênios,
terceiros-gênios, quartos-gênios e quintos-gênios, depois dos primeiros-gênios
do primeiro mundo). Como, exceto um, todos estão acima de alguém, todos, menos um,
sãos gênios, e todos são prisioneiros, fatal-mente resolvendo problemas para os
outros.
Mas os GÊNIOS
QUALITATIVOS (para distinguir dos gênios quantitativos, os pobres em
genialidade), os ricos em genialidade, esses são MAIS PRISIONEIROS que os
outros, porque são insistentemente procurados. E os primeiros-gênios do
primeiro mundo (existem alguns deles nos demais mundos e vice-versa, gênios de
segunda a quinta mão no primeiro mundo) estão ainda mais aprisionados nas rodas
da engrenagem da produção e da reprodução.
Imagino que ser
gênio não seja sempre bom, mas deva ter suas compensações, com os venenos
moleculares correspondentes cativando as gerações, pois os gênios sobrevivem,
são mais aptos, alcançam o futuro, razão pela qual devem ter valor de
sobrevivência para os outros (claro) e para si mesmos. Enfim, cada um que viva
de suas recompensas.
Vitória,
quinta-feira, 25 de dezembro de 2003.
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