segunda-feira, 20 de março de 2017


As Dores de Deus

 

                            Se Natureza/Deus, Ela/Ele, ELI = ABBA = ALÁ é um par polar oposto/complementar viável, se segue que como Natureza ou Deus, ou ambos, está em tudo e tem todas as experiências.

                            Se os seres humanos sofrem dores, se Deus é onipotente (pode tudo), onisciente (tem consciência de tudo), onividente (vê tudo), onipresente (está em tudo e em todos os lugares), tem o Primeiro Poder (o de ressuscitar), então, entre outras coisas, sente todas as dores, porque está em tudo e em todos, inclusive nos racionais e nos irracionais que sentem dores. Conhece as dores mais profundamente que qualquer racional. Sofreu e sofre, cada um com seu sinal de insuportabilidade transcendida (no caso humano, a Cruz), em todos os mundos racionais libertados.

                            Só assim Deus poderia medir todas as dores e considerá-las em sua medida exata, absoluta, central, irredutível.

                            Pela definição de Deus nada do que os seres humanos possam falar de dor possui mesmo qualquer novidade DIMENSIONALMENTE, porque o livre-arbítrio sempre constrói trilhas novas, em cada universo livre. Se a dor é asquerosa para os seres humanos, muito mais chocante deve ser para Deus, e objeto de muito maior revolta – o que é uma lembrança para aqueles que gostam de fazer os outros sofrerem dor (porque os sádicos nunca são masoquistas, pois se fossem nunca atingiriam os outros, dado que possuem um corpo logo encostadinho).

                            Embora devamos entender que divinamente a dor da Cruz tenha sido fichinha, humanamente foi extrema, excruciante, lancinante, aflitiva, desagregadora, como seria para qualquer um. Discuti isso com uma professora aos 16 anos, antes de vir par Vitória: se as dores de Cristo teriam sido verdadeiras ou não. Concluí que sim.

                            Vitória, terça-feira, 07 de outubro de 2003.

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