As Costas dos
Revolucionários
Doroteo Arango
(adotou o nome de Francisco – Pancho – Villa, general revolucionário mexicano,
1878 a 1923, 45 anos entre datas) é tido como herói mexicano. Naturalmente não
era um general de formação, recebeu dos correligionários a patente falsa.
Foram feitos
inúmeros filmes sobre ele, romantizando-o.
O canal pago A&E
Mundo (creio que americano, mas passando pelo México, de onde vem as falas), ao
anunciar uma biografia sobre ele diz que arrancava as solas dos pés das pessoas
e assassinava crianças, filhos dos latifundiários (que perpetravam barbaridades
inconcebíveis, mas um erro não justifica outro), e cometia muitas outras
atrocidades.
Como fazer uma
avaliação dos dois lados? Não que por Stalin ter feito algo de bom para o povo
soviético isso justifique sequer uma morte, mas pelo menos se terá feito o
correto, cá do nosso lado que está olhando as crueldades humanas.
Imagine que Pancho
Villa tornou-se fora da lei já em 1894, aos 16 anos, até 1909, quando tinha 31
anos. Daí tornou-se líder revolucionário e depôs as armas em 1920, com 42,
tendo morrido em 1923, apenas 45 anos entre datas. De 1909, fora os anos de
bandoleiro, passou 11 anos assassinando oficialmente, para o governo. Em muito
menos tempo agiu Alexandre, morto aos 33 anos (supostamente assassinado).
Então, dos 16 aos 42, Pancho Villa matou durante 26 anos, sabe-se lá quantas
centenas ou mesmo milhares, diretamente, e quanto mais dando ordens. Muito pior
que Lampião, Virgulino Ferreira da Silva (Pernambuco, 1900 a 1938).
Acho interessante
alguém fazer um livro com esse título do artigo mostrando o que as lendas
revolucionárias escondem de atrocidades, crueldades, truculências dos que foram
louvados depois, mas em vida foram violentíssimos com os que lhes estavam
próximos e mais ainda com os distantes e os desafetos. Como sugeri para Vasco
da Gama, seria conveniente construir um museu para investigar as vidas dos
revolucionários, que se permitem muitas liberdades quando chegam ao poder, até
tornando-se o contrário do que pregavam.
Vitória, domingo, 05
de outubro de 2003.
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