domingo, 25 de dezembro de 2016


Escolhendo em Quem Votar

 

                            Naturalmente faz muitos anos que não acredito em votar, em candidatos e em políticos – que estão no terceiro dos setes níveis, o da verdade/mentira utilitária, conforme chamei no modelo, onde ficam os políticos profissionais, os profissionais liberais, os professores, os sofistas em geral. Voto em qualquer um, quando minha mãe pede, para vereador ou para deputado estadual, mas nunca para governador, presidente, etc.

                            Se fosse para votar, quem escolher?

                            Em primeiro lugar, como disse a meu filho, Gabriel, de 16 anos, e a minha filha, Clara, de 18 anos, em quem ofertasse um programa lógico e dialético, relativo à realidade, um diálogo verdadeiro com o mundo. Por exemplo, com relação ao saneamento básico, os pontos seriam: 1) diagnóstico da situação passada e presente; 2) avaliação dos meios estatais e empresariais de intervenção; 3) como rearranjar os recursos (humanos e financeiros); 4) os projetos de arquiengenharia; 5) os desenhos efetivos; 6) a participação do povo e das elites, etc.

                            E construção de residências de boa qualidade para as massas: 1) terreno; 2) construção compartilhada e expansível; 3) paisagismo (grama, árvores, flores); 4) locais de conveniência; 5) acompanhamento por agentes dos governempresas, e assim por diante. O novo governante deveria instruir um programa tecnocientífico de produção de altíssima qualidade por preço muito baixo; e que elas pudessem ser modularmente expansíveis para acomodar os que vão nascendo.

                            Enfim, cadê a lógica da coisa, da res publica, a coisa pública?

                            Sem uma competente avaliação do cenário, como trilhá-lo? Sem avaliação dos recursos ambientais (municipais/urbanos, estaduais, nacionais e mundiais) e dos agentes pessoais (indivíduos, famílias, grupos e empresas), como prosseguir? Como conjuminar pessoas em ambientes nesse novo modo de agir?

                            A avaliação diria respeito a estudar o passado e o presente para, verificando as necessidades do primeiro estabelecer com as forças e poderes do segundo o futuro.

                           Os políticos profissionais só falam trivialidades: construção de pontes, de casas populares (ao modo antigo), de hospitais, compra de viaturas policiais para a segurança, e o resto. Ora, se houver tratamento de água e esgoto, se forem feitas boas casas, se houver um programa real de emprego, não necessitaremos tantos policiais porque haverá menos crimes.

                            De mais a mais, os governos estão sempre a reboque, resolvendo os problemas do passado, quando devem estar à frente, como consórcios populares que são. E quanto a agropecuária/extrativismo, industrialização, comercialização, serviços e bancos, o que dizer? E a exportação em grande escala, como fazem os países do Oriente, por exemplo, a Coréia, a China, o Japão? A Coréia, soube hoje, vai investir US$ 10 bilhões até 2006 para criar mais uma centena de milhar de cientistas, quando já tem 46 mil. O Brasil, que tem quatro vezes a população da Coréia (Brasil 172,8 milhões, estimativa para 2001, Coréia 47,1 milhões em 2001 – 172,8/47,1 = 3,7), deveria ter proporcionalmente 180 mil cientistas, pretendendo formar em quatro anos mais 450 mil, e estamos bem longe disso. Os países estão investindo na formação de seus povos, enquanto nós estamos investindo em porcarias.

                           Quando eu vir um político ou governante assim, darei meu voto com vontade, com confiança nesse fulano ou nessa fulana. Não há nenhum que investigue a fundo e crie um programa geral, que sirva a todos, seja ou não eleito. Devemos pensar que quem chegue lá, oferecendo esses programas, abrirá uma quantidade de funis que se abrirão parra o futuro. Programas vitoriosos sempre são adotados pelos governantes seguintes, mesmo que o atual não seja reeleito. No caso do fim da inflação, quem desejaria o retorno dela? Que governante ousaria propor algo assim? Por aí se vê que FHC e José Serra, tendo implantado bons programas, garantiram sua presença definitiva no cenário do mundo.

                            Eles são muito fracos.

                            É preciso alguém forte, que ame efetivamente povo e elites, a nação ou cultura. Esse alguém não surgiu ainda à frente do cenário do mundo.

                            Vitória, segunda-feira, 26 de agosto de 2002.

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