Escolhendo em Quem Votar
Naturalmente
faz muitos anos que não acredito em votar, em candidatos e em políticos – que
estão no terceiro dos setes níveis, o da verdade/mentira utilitária, conforme
chamei no modelo, onde ficam os políticos profissionais, os profissionais
liberais, os professores, os sofistas em geral. Voto em qualquer um, quando
minha mãe pede, para vereador ou para deputado estadual, mas nunca para
governador, presidente, etc.
Se
fosse para votar, quem escolher?
Em
primeiro lugar, como disse a meu filho, Gabriel, de 16 anos, e a minha filha,
Clara, de 18 anos, em quem ofertasse um programa lógico e dialético, relativo à
realidade, um diálogo verdadeiro com o mundo. Por exemplo, com relação ao saneamento
básico, os pontos seriam: 1) diagnóstico da situação passada e presente; 2) avaliação
dos meios estatais e empresariais de intervenção; 3) como rearranjar os
recursos (humanos e financeiros); 4) os projetos de arquiengenharia; 5) os
desenhos efetivos; 6) a participação do povo e das elites, etc.
E
construção de residências de boa qualidade para as massas: 1) terreno; 2)
construção compartilhada e expansível; 3) paisagismo (grama, árvores, flores);
4) locais de conveniência; 5) acompanhamento por agentes dos governempresas, e
assim por diante. O novo governante deveria instruir um programa
tecnocientífico de produção de altíssima qualidade por preço muito baixo; e que
elas pudessem ser modularmente expansíveis para acomodar os que vão nascendo.
Enfim,
cadê a lógica da coisa, da res publica, a coisa pública?
Sem
uma competente avaliação do cenário, como trilhá-lo? Sem avaliação dos recursos
ambientais (municipais/urbanos, estaduais, nacionais e mundiais) e dos agentes
pessoais (indivíduos, famílias, grupos e empresas), como prosseguir? Como
conjuminar pessoas em ambientes nesse novo modo de agir?
A
avaliação diria respeito a estudar o passado e o presente para, verificando as
necessidades do primeiro estabelecer com as forças e poderes do segundo o
futuro.
Os
políticos profissionais só falam trivialidades: construção de pontes, de casas
populares (ao modo antigo), de hospitais, compra de viaturas policiais para a
segurança, e o resto. Ora, se houver tratamento de água e esgoto, se forem
feitas boas casas, se houver um programa real de emprego, não necessitaremos
tantos policiais porque haverá menos crimes.
De
mais a mais, os governos estão sempre a reboque, resolvendo os problemas do
passado, quando devem estar à frente, como consórcios populares que são. E
quanto a agropecuária/extrativismo, industrialização, comercialização, serviços
e bancos, o que dizer? E a exportação em grande escala, como fazem os países do
Oriente, por exemplo, a Coréia, a China, o Japão? A Coréia, soube hoje, vai
investir US$ 10 bilhões até 2006 para criar mais uma centena de milhar de
cientistas, quando já tem 46 mil. O Brasil, que tem quatro vezes a população da
Coréia (Brasil 172,8 milhões, estimativa para 2001, Coréia 47,1 milhões em 2001
– 172,8/47,1 = 3,7), deveria ter proporcionalmente 180 mil cientistas,
pretendendo formar em quatro anos mais 450 mil, e estamos bem longe disso. Os
países estão investindo na formação de seus povos, enquanto nós estamos
investindo em porcarias.
Quando
eu vir um político ou governante assim, darei meu voto com vontade, com
confiança nesse fulano ou nessa fulana. Não há nenhum que investigue a fundo e
crie um programa geral, que sirva a todos, seja ou não eleito. Devemos pensar
que quem chegue lá, oferecendo esses programas, abrirá uma quantidade de funis
que se abrirão parra o futuro. Programas vitoriosos sempre são adotados pelos
governantes seguintes, mesmo que o atual não seja reeleito. No caso do fim da
inflação, quem desejaria o retorno dela? Que governante ousaria propor algo
assim? Por aí se vê que FHC e José Serra, tendo implantado bons programas,
garantiram sua presença definitiva no cenário do mundo.
Eles
são muito fracos.
É
preciso alguém forte, que ame efetivamente povo e elites, a nação ou cultura.
Esse alguém não surgiu ainda à frente do cenário do mundo.
Vitória,
segunda-feira, 26 de agosto de 2002.
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