Como os Pobres São Ensinados
Peque-se
uma criança e ensine-se a ela:
a) A comer depressa;
b) A andar retraída;
c) A ficar pelos cantos;
d) A dizer, sim, senhor;
e) A estar sempre angustiada pelas
dívidas;
f) A aceitar qualquer trabalho sem
reclamar;
g) A obedecer aos chefes, e outras coisas
assim submissas e teremos um pobre ou miserável.
Tais são as
criaturas horrendas que a burguesia criou no capitalismo. E como a soma é zero,
do outro lado estão os supostamente livres. A moeda é dupla: de um lado o
brilho intenso, do outro a mais profunda sombra.
E é essa
situação que agrada sobremaneira aos capitalistas de agoraqui. Há quem defenda
o sistema, que é podre, que é sujo, sem dignidade. Olhando desde já de fora,
com a alma anarco-comunista que tenho, posso ver como bem baixo, embora, é
claro, mais alto que o passado, só porque este era mais sujo ainda.
É certo que
tudo depende de uma fita de herança, neste caso psicológica ou artificial ou
humana, capitalismo de terceira onda. Como essa FH é passada através da língua?
Quais são os OPERADORES DA SUBMISSÃO? Qual é a dessa Escola da Submissão?
Como ela ensina ou desensina, qual é a tecnociência ou pedagogia da
transferência do servilismo? Como é que as pessoas aprendem a magicarte da
baixeza? Como elas instruem-se para a dependência?
Ora, se as
pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) são filhas de Deus, como é
que ficaram assim esses trastes? Como se tornaram essas criaturas imprestáveis?
Como uns aceitaram reduzir outros, e esses outros aceitaram serem reduzidos?
Como eles se deixaram assim abater? Que é que nas suas vidas, na sua
visão-de-mundo, os apequenou assim? Que é que deu errado? Onde, no caminho até
a grandeza, uns que ensinaram e outros que aprenderam a sujeição, desistiram
dessa grandeza em nome de uma suposta inferioridade?
Vitória,
quinta-feira, 29 de agosto de 2002.
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