domingo, 25 de dezembro de 2016


Como os Pobres São Ensinados

 

                            Peque-se uma criança e ensine-se a ela:

a)     A comer depressa;

b)    A andar retraída;

c)     A ficar pelos cantos;

d)     A dizer, sim, senhor;

e)     A estar sempre angustiada pelas dívidas;

f)      A aceitar qualquer trabalho sem reclamar;

g)     A obedecer aos chefes, e outras coisas assim submissas e teremos um pobre ou miserável.

Tais são as criaturas horrendas que a burguesia criou no capitalismo. E como a soma é zero, do outro lado estão os supostamente livres. A moeda é dupla: de um lado o brilho intenso, do outro a mais profunda sombra.

E é essa situação que agrada sobremaneira aos capitalistas de agoraqui. Há quem defenda o sistema, que é podre, que é sujo, sem dignidade. Olhando desde já de fora, com a alma anarco-comunista que tenho, posso ver como bem baixo, embora, é claro, mais alto que o passado, só porque este era mais sujo ainda.

É certo que tudo depende de uma fita de herança, neste caso psicológica ou artificial ou humana, capitalismo de terceira onda. Como essa FH é passada através da língua? Quais são os OPERADORES DA SUBMISSÃO? Qual é a dessa Escola da Submissão? Como ela ensina ou desensina, qual é a tecnociência ou pedagogia da transferência do servilismo? Como é que as pessoas aprendem a magicarte da baixeza? Como elas instruem-se para a dependência?

Ora, se as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) são filhas de Deus, como é que ficaram assim esses trastes? Como se tornaram essas criaturas imprestáveis? Como uns aceitaram reduzir outros, e esses outros aceitaram serem reduzidos? Como eles se deixaram assim abater? Que é que nas suas vidas, na sua visão-de-mundo, os apequenou assim? Que é que deu errado? Onde, no caminho até a grandeza, uns que ensinaram e outros que aprenderam a sujeição, desistiram dessa grandeza em nome de uma suposta inferioridade?

Vitória, quinta-feira, 29 de agosto de 2002.

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