Os Alimentadores do
Lagoão
MUITOS RIOS (tudo aparência, tudo mutável)
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Esses rios pequenos de agora são
supersuperficiais, isto é, estão numa camada ínfima acima da terra; não são
rios estruturais, que pertencem mesmo ao desenho da Terra. Vem e vão como sopro
do vento. Existem às centenas e desaparecem como se nunca tivessem estado ali.
Naturalmente a Vida geral os vê, como nós racionais os detectamos; mas para a
Terra mesmo, em sua longa existência, com um segundo valendo mil anos, são
sombras que passam sobre a pele.
Ligavam - depois da colocação de terra
e areia - as centenas de lagoas geradas em substituição do Lagoão; cruzavam
entre umas e outras ou iam para o Rio Doce, que ia para o mar. Deve ter sido um
belíssimo cenário, até mais belo do que o Pantanal mato-grossense, porque este
tem o defeito dos exageros de tudo que é muito grande, ao passo que o Lagoão
era pequeno em relação ao PMG, mas grande para caber quase de tudo. A Vida fez
uma festa memorável ali, especialmente no período glacial em que muitos vieram
se refugiar no Paralelo 19º, que é o de Linhares, porque no sul estava muito
frio. Fugiram e vieram para cá. Então, aqui era tão mais quente que no sul, mas
não tanto quanto no norte, o Nordeste de agoraqui no Brasil. Assim, eles
festejaram por milhares de anos, o que a computação gráfica vai poder mostrar
belamente.
OLHANDO
AS SOMBRAS DE PERTO
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Imagine esse verde ai de cima coalhado
não somente destas que julgamos muitas lagoas, mas de 3, 4, 5, 6 ou mais vezes
as quase 70 que existem agora – eram centenas e a Vida brilhava e reverberava
em níveis que sequer podemos imaginar.
Ora, o Lagoão era alimentado de
início, antes que houvesse o areal e as ilhas formadas, por vários rios
estruturais (dentre os quais o maior era o Doce com foz muito recuada de agora,
uns 60 a 80 km) que vinham das montanhas e desaguavam à direita no que era o
mar de então perto das montanhas de agora.
ALGUNS
DOS ANTIGOS
(pequenos, mas antigos – não desaguavam no Doce e sim diretamente no mar, antes
de haver o Lagoão, antes de haver delimitação à direita, na linha-de-costa
atual)
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É preciso procurar as páleo-fozes e as
protofozes (porque, entre outras coisas, é lá que os páleo-rios depositaram os
diamantes), pois o objetivo é aproveitar o trabalho de minerador das bacias
feito pelos rios, cada um e em conjunto. Depois de por milênios derramarem no
mar passaram a armazenar a água doce do Lagoão; e a trazer terra (enquanto o
mar botava areia), resíduos vegetais, restos animais e todas essas coisas.
Então, nas páleo-fozes estão representantes fósseis das páleo-vidas das bacias.
Vai daí que esses riozinhos de
montanha, pequenos que eram, eram muito interessantes, muito mais que os de
planície que foram construídos depois e sobraram para que os víssemos.
Vitória, quinta-feira, 23 de dezembro
de 2004.
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