domingo, 20 de agosto de 2017


As 10 Mil Lagoas Que Sumiram e o Areal que Apareceu

 

                            Seguindo do Livro 104, vimos que havia entre o que é hoje Aracruz e São Mateus, Linhares no Centro, imensa lagoa de dois mil km2. Quando digo “10 mil” estou falando no sentido chinês de inumerável, da “totalidade do mundo”, a explicação completa. A maior das que ficaram, a Juparanã, tem no máximo 70 km2, o que para o Espírito Santo já é um exagero; se tivessem apenas dois km2 caberiam apenas mil, nunca dez mil. Eram muitas, porque na medida em que a grande lagoa se transformou em um punhado de pequenas com rios correndo para o Doce e comunicando umas às outras sobraram partes altas que foram se tornando cada vez maiores, ao passo que as páleo-lagoas foram secando uma após outra, de modo que de centenas e centenas (como no Canadá, onde são literalmente milhares e dezenas de milhares) ficaram apenas essas que são 69 e serão em número cada vez menor. Naturalmente já foram em número maior, algumas secaram desde o povoamento indígena, não se sabe quantos milhares de anos atrás, e até desde o povoamento branco (o lugar tem uns 150 anos, por aí, enquanto o município deve ter uns 50 de emancipado – vá procurar saber, se quiser). Até em nosso tempo de vida devem estar secando uma após a outra, até que num dia mais distante estarão realmente todas secas ou as que sobrarem muito minguadas.

                            Quando cheguei com meu pai e minha mãe em 1963 ficamos sabendo do “nativo” lá no que é hoje o bairro Canivete e era então povoado “distante” 10 km; trata-se de uma área de extração de areia bem branca. O curioso em nossas cabeças era o contraste entre a areia estar associada ao mar e haver dela tão longe dele, o mesmo espanto dos europeus de 300 anos atrás quando acharam conchas no alto das montanhas. Claro, agora é possível saber porque: tudo aquilo foi um imenso depósito de sal, depois de areia, terra, árvores que vieram por cima e finalmente os povoadores atuais. Assim será em toda parte, como já descrevi repetidamente, de lagoão a areal passado e futuro.

                            Com toda certeza dentro das páleo-lagoas nadaram peixes e em volta delas estiveram seres vivos, talvez humanos, o que será motivo de muita pesquisa, como iremos retratar.

                            Vitória, quarta-feira, 22 de dezembro de 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário