As 10 Mil Lagoas Que
Sumiram e o Areal que Apareceu
Seguindo do Livro
104, vimos que havia entre o que é hoje Aracruz e São Mateus, Linhares no
Centro, imensa lagoa de dois mil km2. Quando digo “10 mil” estou
falando no sentido chinês de inumerável, da “totalidade do mundo”, a explicação
completa. A maior das que ficaram, a Juparanã, tem no máximo 70 km2, o que para
o Espírito Santo já é um exagero; se tivessem apenas dois km2
caberiam apenas mil, nunca dez mil. Eram muitas, porque na medida em que a grande
lagoa se transformou em um punhado de pequenas com rios correndo para o Doce e
comunicando umas às outras sobraram partes altas que foram se tornando cada vez
maiores, ao passo que as páleo-lagoas foram secando uma após outra, de modo que
de centenas e centenas (como no Canadá, onde são literalmente milhares e
dezenas de milhares) ficaram apenas essas que são 69 e serão em número cada vez
menor. Naturalmente já foram em número maior, algumas secaram desde o
povoamento indígena, não se sabe quantos milhares de anos atrás, e até desde o
povoamento branco (o lugar tem uns 150 anos, por aí, enquanto o município deve
ter uns 50 de emancipado – vá procurar saber, se quiser). Até em nosso tempo de
vida devem estar secando uma após a outra, até que num dia mais distante estarão
realmente todas secas ou as que sobrarem muito minguadas.
Quando cheguei com
meu pai e minha mãe em 1963 ficamos sabendo do “nativo” lá no que é hoje o
bairro Canivete e era então povoado “distante” 10 km; trata-se de uma área de
extração de areia bem branca. O curioso em nossas cabeças era o contraste entre
a areia estar associada ao mar e haver dela tão longe dele, o mesmo espanto dos
europeus de 300 anos atrás quando acharam conchas no alto das montanhas. Claro,
agora é possível saber porque: tudo aquilo foi um imenso depósito de sal,
depois de areia, terra, árvores que vieram por cima e finalmente os povoadores
atuais. Assim será em toda parte, como já descrevi repetidamente, de lagoão a
areal passado e futuro.
Com toda certeza
dentro das páleo-lagoas nadaram peixes e em volta delas estiveram seres vivos,
talvez humanos, o que será motivo de muita pesquisa, como iremos retratar.
Vitória, quarta-feira,
22 de dezembro de 2004.
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