A Experiência
Simbólica
No livro de Richard
P. Feynman, Física em Seis Lições,
6ª edição, Rio de Janeiro, Ediouro, 2001 (sobre original americano de 1995, a
partir dos textos de F de 1963 do livro Feynman
Lectures on Physics), na introdução de 1994 feita por Paul Davies, este
diz, p. 8:
“Feynman foi um
físico teórico por excelência. Newton fora um experimentalista e teórico na
mesma medida. Einstein simplesmente desdenhava a experiência, preferindo
depositar sua fé no pensamento puro”, negrito e itálico meus.
Veja que Newton era
inglês, Einstein judeu-alemão e Feynman americano; Davies pronunciou-os ícones,
deuses, dos quais Feynman foi o primeiro americano a atingir tal status nas
ciências. Newton, inglês, é tido ao mesmo tempo como experimentalista e
teórico, quer dizer, equilibrado, ao passo que Einstein “desdenhava a
experiência”, como se detestasse o universo material. Feynman é dito “teórico
por excelência”, contendo a frase a palavra EXCELÊNCIA, que remete a coisa boa,
muito superior; e, então, “teórico por excelência” sugere pureza do alto
intelecto.
Ao alemão, e judeu,
é dada a banda podre.
Vejamos que Einstein
fazia EXPERIÊNCIAS MENTAIS, porque a mente também experimenta; ora, outros
estiveram e estão coletando dados que vem pelos livros e outros meios até o
pesquisador de biblioteca – deve ele ir caçar todos os fósseis do mundo para se
sentir autorizado? Einstein experimentava com as equações, como os matemáticos
fazem, e muitos, tantos físicos e outros pesquisadores. Não era, de modo nenhum,
um alucinado. Não dá para ir pegar um fóton correndo à velocidade da luz no
vácuo. Não há para manipular palpavelmente espaços riemannianos. Não é possível
tocar espaços curvos, nem é possível abraçar equações. Evidentemente esse
gênero de experimentação mental é muito compacto e deve ser o mais cuidadoso
possível, porque a Natureza não responde logo, só contrapõe outras equações,
que é preciso testar.
Davies é
preconceituoso.
E da pior espécie,
claro.
Qual experiência
Einstein desdenhava?
Aquela que estava
errada, conduzindo a pensamentos desconformes com a Natureza, ou aquela que de
qualquer forma não poderia ser feita. Isso para mim é sabedoria: 1) não
compactuar com os erros; 2) não tentar fazer o impossível.
Vitória,
quinta-feira, 20 de janeiro de 2005.
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