domingo, 23 de julho de 2017


Aquelas Crianças Gordinhas

 

                            A Veja 1.872, ano 37, nº 38, 22.11.2004, traz na capa uma menina à esquerda e um menino à direita, ambos brancos, claro. Lembrei-me da ficção daquela senhora inglesa que disse que os seres humanos desenvolveram-se na água, contra toda evidência. Veja, não estou zombando dela, pelo contrário; ela foi de uma coragem imensa ao enfrentar uma tropa de acadêmicos, sem ter título algum que a defendesse da ignorância sábia tácita da Academia, a formestrutura que sustenta a imbecilidade reverente e obediente.

                            É que a resposta é muito mais complexa e interessante, veja a seqüência de Expansão dos Sapiens, no Modelo da Caverna.

                            A RESPOSTA MUITO MAIS COMPLEXA E INTERESSANTE

1.       Até a civilização a Terra era mundo dos insetos, durante os 90 milhões de anos exclusivamente primatas, os 10 milhões de anos hominídeos e os 100, 50 ou 35 mil anos sapiens. De modo algum era dos seres humanos, como ainda não é senão à custa de imensa tecnociência e Conhecimento; se perdêssemos essa superproteção (lar, armazenamento, saúde, segurança e transporte) os insetos reassumiriam rapidamente;

2.       Quando as mulheres perderam os pêlos nas cavernas as crianças também perderam (só os meninos, quando cresciam para serem guerreiros e saírem das tocas, voltavam a tê-los). Os bebês eram particularmente desprovidos deles, exceto na cabeça, onde a “moleira”, a fontanela, a abóbada do crânio ainda está fechando. Eles só se candidatavam a ter pêlos depois de 10 ou 15 anos, quando já estariam mortos há muito tempo;

3.      Evidentemente a caverna estava permanente e propositalmente empestada de fumaça das fogueiras, com vários fumos de árvores resinosas que - as mulheres aprenderam cedo – afugentavam os insetos. E o chão era insistentemente limpo, para não ter excrementos ou cocôs que atraíssem os artrópodes (as mulheres pegaram essa mania, o que significa que a seção de limpeza dos supermercados será sempre muito freqüentada – de fato, os supermercados deveriam ser construídos EM VOLTA das seções de limpeza);

4.      Os bebês têm braços curtinhos, não sabem se movimentar com os membros (só vão engatinhar meses depois), o sistema motor é pouco desenvolvido e desconexo; seriam presas fáceis para os insetos e os mastigadores (inclusive ratos), caso não tivessem algum gênero de defesa;

5.      O objetivo da Natureza foi colocar muito tecido adiposo entre o bebê e a fome dos predadores insistentes que vagavam em volta das cavernas;

6.      É melhor perder gordura ou “fofura” (as mães ficam especialmente encantadas com bebês “fofinhos”, isto é, defendidos, razão pela qual os superalimentam no berço) que um órgão vital, com o que os bebês morreriam biologicamente, ou um braço ou perna, quando se tornariam um fardo para o coletivo psicológico, morrendo psicologicamente;

7.       Logo ao nascer quanto mais gordo melhor, o que levou a um número grande de conseqüências: a) nos legou problemas de coração com a obesidade induzida; b) diminuiu a mobilidade mental e nos tornou mais acomodados desde o nascimento; c) diminuiu o número de gêmeos e trigêmeos;

8.      Tornou as mães mais robustas, visando alimentar aquele monte de gordinhos e gordinhas (as mães davam leite para os seus e os das outras, porque a humanidade é gregária, coletiva, é um cérebro coletivo);

9.      As meninas, como já ficou dito, continuam em linha reta, são mães desde o nascimento (fora as pseudofêmeas), mas os meninos devem se tornar guerreiros aos 13 anos, de modo que há aí uma súbita mudança, devendo acontecer algum gênero de controle natural, tipo produção de molécula, que é disparada nessa idade para fazer emagrecer (quem descobrir essa molécula vai ficar riquíssimo).

Em resumo, a Natureza é esperta demais, mas cada vez que concebe uma solução inventa em conjunto uma quantidade de problemas.

Vitória, domingo, 19 de setembro de 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário