Aquelas Crianças
Gordinhas
A Veja 1.872, ano 37, nº 38, 22.11.2004,
traz na capa uma menina à esquerda e um menino à direita, ambos brancos, claro.
Lembrei-me da ficção daquela senhora inglesa que disse que os seres humanos
desenvolveram-se na água, contra toda evidência. Veja, não estou zombando dela,
pelo contrário; ela foi de uma coragem imensa ao enfrentar uma tropa de
acadêmicos, sem ter título algum que a defendesse da ignorância sábia tácita da
Academia, a formestrutura que sustenta a imbecilidade reverente e obediente.
É que a resposta é
muito mais complexa e interessante, veja a seqüência de Expansão dos Sapiens,
no Modelo da Caverna.
A RESPOSTA MUITO MAIS COMPLEXA E INTERESSANTE
1. Até a civilização a Terra era mundo
dos insetos, durante os 90 milhões de anos exclusivamente primatas, os 10
milhões de anos hominídeos e os 100, 50 ou 35 mil anos sapiens. De modo algum
era dos seres humanos, como ainda não é senão à custa de imensa tecnociência e
Conhecimento; se perdêssemos essa superproteção (lar, armazenamento, saúde,
segurança e transporte) os insetos reassumiriam rapidamente;
2. Quando as mulheres perderam os pêlos
nas cavernas as crianças também perderam (só os meninos, quando cresciam para
serem guerreiros e saírem das tocas, voltavam a tê-los). Os bebês eram
particularmente desprovidos deles, exceto na cabeça, onde a “moleira”, a
fontanela, a abóbada do crânio ainda está fechando. Eles só se candidatavam a
ter pêlos depois de 10 ou 15 anos, quando já estariam mortos há muito tempo;
3. Evidentemente a caverna estava
permanente e propositalmente empestada de fumaça das fogueiras, com vários
fumos de árvores resinosas que - as mulheres aprenderam cedo – afugentavam os
insetos. E o chão era insistentemente limpo, para não ter excrementos ou cocôs
que atraíssem os artrópodes (as mulheres pegaram essa mania, o que significa
que a seção de limpeza dos supermercados será sempre muito freqüentada – de
fato, os supermercados deveriam ser construídos EM VOLTA das seções de limpeza);
4. Os bebês têm braços curtinhos, não
sabem se movimentar com os membros (só vão engatinhar meses depois), o sistema
motor é pouco desenvolvido e desconexo; seriam presas fáceis para os insetos e
os mastigadores (inclusive ratos), caso não tivessem algum gênero de defesa;
5. O objetivo da Natureza foi colocar
muito tecido adiposo entre o bebê e a fome dos predadores insistentes que
vagavam em volta das cavernas;
6. É melhor perder gordura ou “fofura”
(as mães ficam especialmente encantadas com bebês “fofinhos”, isto é,
defendidos, razão pela qual os superalimentam no berço) que um órgão vital, com
o que os bebês morreriam biologicamente, ou um braço ou perna, quando se
tornariam um fardo para o coletivo psicológico, morrendo psicologicamente;
7. Logo ao nascer quanto mais gordo melhor,
o que levou a um número grande de conseqüências: a) nos legou problemas de
coração com a obesidade induzida; b) diminuiu a mobilidade mental e nos tornou
mais acomodados desde o nascimento; c) diminuiu o número de gêmeos e trigêmeos;
8. Tornou as mães mais robustas, visando
alimentar aquele monte de gordinhos e gordinhas (as mães davam leite para os
seus e os das outras, porque a humanidade é gregária, coletiva, é um cérebro
coletivo);
9. As meninas, como já ficou dito,
continuam em linha reta, são mães desde o nascimento (fora as pseudofêmeas),
mas os meninos devem se tornar guerreiros aos 13 anos, de modo que há aí uma
súbita mudança, devendo acontecer algum gênero de controle natural, tipo produção
de molécula, que é disparada nessa idade para fazer emagrecer (quem descobrir
essa molécula vai ficar riquíssimo).
Em resumo, a Natureza é esperta
demais, mas cada vez que concebe uma solução inventa em conjunto uma quantidade
de problemas.
Vitória, domingo, 19 de setembro de
2004.
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