terça-feira, 20 de junho de 2017


Circulando na Economia


 

                            Hoje cedo no jornal de TV na padaria o jornalista repetiu aquilo que os pequenos economistas dizem sem qualquer raciocínio: que dois bilhões de reais iam circular na economia. Antigamente eu me deixava enganar por esse tipo de afirmação, mas pensando bem, tudo é Economia (agropecuário/extrativismo, indústrias, comércio, serviços e bancos), de modo que tudo deve estar circulando em algum lugar.

                            O que se quer dizer com “circulando”?

                            Deve ser circulando no meio dos pobres e miseráveis, pois de outra forma estaria entesourado. O que é melhor: circular na Economia D e E ou ser poupado pela Economia A, B e C? A questão não é bem essa, mas o tipo de multiplicação que é provocada, como já analisei. O que se quer realmente dizer com “circulando” é que em baixo há, supostamente, maior multiplicação, porém isso nem sempre é verdadeiro, como já apontei – o que conta MESMO é a animação provocada, o que conta de fato é a multiplicação do ânimo, quão fissuradas ficam as pessoas. Se a animação se acelera vira supermultiplicação – tudo é questão de propaganda. Porque, se não há aumento da animação esse dinheiro simplesmente é gasto dentro da ortodoxia e nada de novo emerge.

                            Percebemos que os jornalistas vivem explorando fosso entre a falsa sabedoria deles e a ignorância ainda maior do povo. Vivem do fato inelutável de que o povo se sente intimidado por essa distância, esse aparatoso afastamento que foi interposto pelas burguesias e pelas elites, que fazem questão dele, que fazem toda questão de parecerem sabidas. O povo é prático: “lá estão os bandidos e enganadores, tratemos de continuar vivendo até melhor tempo”.

                            Vitória, quinta-feira, 20 de maio de 2004.

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